Já estamos em setembro e esta semana, na maioria das escolas portuguesas, começa o ano letivo. Infelizmente, o regresso traz algumas preocupações aos pais, relacionadas com a saúde mental das crianças e jovens, claro, mas também com a física. É neste contexto que muitos ficam doentes, com gripes, gastroenterites e, a certa altura, varicela.
É uma infeção viral, muito contagiosa e como afeta a maioria das crianças, ao longo do ano, o Lifestyle ao Minuto falou com Mariana Capela, uma pediatra do Hospital Lusíadas Porto, sobre a varicela e tirou algumas dúvidas.
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De acordo com a médica, trata-se de um problema mais "comum no final do inverno e no início da primavera", contagiosa mesmo antes dos sintomas se manifestarem. Além disso, relembra que a lista de sintomas, além das bolhas, inclui outros como febre e dores abdominais.
A facilidade do contágio é acentuada pelo facto de uma pessoa poder infetar outra ainda antes dos sintomas se manifestarem
O que é a varicela?
É uma infeção viral muito comum na infância e causada pelo vírus Herpes 'varicella zoster'.
É transmitida como? É mais comum numa altura específica do ano? Porquê?
É uma doença altamente contagiosa. A infeção é mais comum no final do inverno e no início da primavera e contrai-se através do contacto direto com a pele infetada ou com partículas de saliva de um doente. A facilidade do contágio é acentuada pelo facto de uma pessoa poder infetar outra ainda antes dos sintomas se manifestarem.
Qual o período de incubação? É contagiosa durante quanto tempo?
Um doente com varicela pode contagiar outras pessoas suscetíveis desde um a dois dias antes do aparecimento das lesões na pele, até ao desaparecimento das vesículas. A varicela tem um período de incubação médio de 14 dias, variando de 10 a 21 dias.
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Pediatra do Hospital Lusíadas Porto© Mariana Capela
Que tipo de sintomas causa?
Os sintomas mais típicos são a presença de vesículas (bolhas de água) na pele, sobretudo no tronco, mas que podem também surgir no rosto, no couro cabeludo e nos genitais ou até espalhar-se por todo o corpo. As lesões começam por se manifestar como pequenas manchas e pápulas que, numa segunda fase, se vão transformando até formar vesículas e posteriormente dão origem a crostas.
Estas diversas fases podem estar presentes em simultâneo no doente. Nalguns casos, manifestam-se de uma forma ligeira, formando-se poucas bolhas. Noutros, irrompem às centenas, por vezes, até no céu da boca ou no interior do reto e na vagina, causando grande incómodo.
Embora as bolhas sejam o sinal mais visível da varicela, existem outros sintomas como febre, dores abdominais, falta de apetite, dores de cabeça e mal estar geral. Estes sintomas costumam ser ligeiros.
A varicela tende a ser mais grave quando adquirida na idade adulta, sobretudo, em doentes com as suas defesas diminuídas
Que tratamentos são os recomendados? Que cuidados devem ter os pais?
O tratamento passa, essencialmente, pelo controlo e alívio dos sintomas. O prurido pode ser diminuído mediante o recurso a banhos de água morna e/ou pela utilização de loções à base de calamina sobre as áreas afetadas. Se necessário, podem ser utilizados anti-histamínicos para controlar o prurido e, nos casos mais graves, antivirais. O repouso é igualmente útil.
É muito comum em contexto escolar. Existem formas de prevenir o contágio?
Considerando que se trata de uma doença contagiosa, é essencial o isolamento da criança infetada até que as bolhas sequem por completo.
A vacina, embora não garanta 100% de proteção, permite que, mesmo que ocorra varicela, ela seja muito mais ligeira. Esta não faz parte do Plano Nacional de Vacinação, mas pode ser dada extraprograma a partir dos 12 meses.
No geral é mais perigoso em adultos. Porquê?
A varicela tende a ser mais grave quando adquirida na idade adulta, sobretudo, em doentes com as suas defesas diminuídas por outras patologias ou pelo uso de alguns medicamentos como os corticoides. Os adolescentes e os adultos são mais suscetíveis a complicações graves. As grávidas também são um grupo de risco.
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