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O regresso às aulas causa muita ansiedade? O que devem fazer os pais?

Sim, os miúdos estão de regresso aos corredores da escola e, nesta época, muitos começam a sentir ansiedade, algo que também afeta os pais, claro. Por isso, o Lifestyle ao Minuto falou com Paulo Dias, neuropsicólogo nas Clínicas Dr. Alberto Lopes.

O regresso às aulas causa muita ansiedade? O que devem fazer os pais?
Notícias ao Minuto

08:30 - 14/09/23 por Margarida Ribeiro

Lifestyle Saúde mental

Geralmente, o início de um novo ano letivo causa ansiedade nos miúdos, e nos graúdos. É algo completamente normal e, na maioria dos casos, temporário, explica Paulo Dias, neuropsicólogo nas Clínicas Dr. Alberto Lopes, em entrevista com o Lifestyle ao Minuto

Mesmo que seja transitória, esta ansiedade resulta, muitas vezes, em "alterações quer ao nível comportamental, emocional ou físico que devem ser tidas em conta", acrescenta. Mas, claro, o neuropsicólogo (re)lembra que as crianças não são todas iguais. 

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Infelizmente, existem múltiplos fatores que a causam e a lista inclui a ansiedade de separação, assim como a "mudança ou integração num novo ambiente escolar, a pressão para alcançarem determinadas expetativas dos pais, a insegurança sobre a sua própria imagem", entre outros.

Deixar um filho a chorar na escola pode ser catastrófico para qualquer um

Notícias ao Minuto É neuropsicólogo nas Clínicas Dr. Alberto Lopes© Paulo Dias

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Com o início do ano letivo são muitos os adultos e crianças que começam a sentir ansiedade. É algo comum?

O início do ano letivo é emocionante para algumas crianças, mas para outras pode ser assustador e gerar ansiedade. Ao longo do seu desenvolvimento, a criança terá de enfrentar diversos desafios e aprender a lidar com o medo é um deles.

Enfrentar uma mudança de escola ou de turma, muitas vezes, consegue gerar o medo pela rejeição dos pares e exacerbar uma preocupação sobre a sua capacidade em fazer novos amigos e ser aceite. Por exemplo, em crianças mais pequenas que iniciam o ano letivo pela primeira vez, o medo de separação dos seus progenitores pode dificultar a integração num novo ambiente. 

Mas não são apenas as crianças que desenvolvem esse nervosismo ou preocupação. Pais também o podem sentir. Deixar um filho a chorar na escola pode ser catastrófico para qualquer um. Ter de lidar com inúmeras expetativas sociais que exigem cada vez mais o modelo de pais perfeitos na educação dos seus filhos pode ser uma fonte de stress emocional.

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Quais são as causas de ansiedade mais comuns nesta época?

Enquanto a ansiedade de separação pode ser uma preocupação específica para crianças mais pequenas, especialmente se estiverem a iniciar pela primeira vez a escola, a ansiedade com o regresso às aulas pode ter vários fatores e afetar cada criança de forma particular, por isso, é importante considerar os aspetos individuais de cada uma.

Algumas das causas comuns de ansiedade podem estar relacionadas com a mudança ou integração num novo ambiente escolar, pressão para alcançarem determinadas expetativas dos pais, insegurança sobre a sua própria imagem, preocupação sobre a aceitação por parte de novos amigos, medo de sofrer 'bullying' ou qualquer tipo de discriminação e problemas familiares.

Para a maioria das crianças, com a integração e adaptação, as preocupações com o novo ano letivo desaparecerão de forma gradual e estes indicadores ansiogénicos serão transitórios

Quais são os sinais de alerta em adultos e crianças?

É importante perceber que nem todas as pessoas expressam a ansiedade da mesma forma, mas existem determinadas alterações quer ao nível comportamental, emocional ou físico que devem ser tidas em conta.

  • Ao nível comportamental as crianças podem resistir ou recusar querer ir para a escola, começar a isolar-se socialmente de forma repentina, apresentar atitudes agressivas e alterações no sono e na alimentação.
  • Ao nível emocional podem apresentar um sentimento de angústia, choro persistente antes de ir para a escola, pensamentos negativos e depreciativos em relação a si própria.
  • Ao nível físico podem apresentar queixas frequentes de dores de cabeça, dores de barriga, vómitos ou outros sintomas físicos, sem causa médica aparente.

Que tipo de coisas devem fazer os pais para apoiar os miúdos e dar-lhes motivação?

Para a maioria das crianças, com a integração e adaptação, as preocupações com o novo ano letivo desaparecerão de forma gradual e estes indicadores ansiogénicos serão transitórios. Isto significa que os pais terão um papel fundamental para que os filhos consigam ultrapassar esses conflitos internos de forma positiva. Devem criar um ambiente de suporte familiar para que possam ouvir com seriedade as preocupações, e sentimentos, das crianças e, assim, fazer com que se sintam mais seguros e confiantes. Também ajuda estabelecer metas realistas e eficazes.

Esta adaptação, a um novo ambiente, pode ser assustadora para as crianças e antecipar esse contacto, conhecendo o espaço escolar irá ajudá-las a sentirem-se mais confortáveis quando as aulas começarem. 

Se o medo da separação persistir, pedir auxílio à educadora ou professora pode facilitar essa transição. Importa ainda lembrar que deixar as crianças e desaparecer pode não ser uma boa solução para que elas se sintam seguras de que os pais voltarão para as buscar. Por isso, as despedidas curtas promovem essa confiança necessária, mas a abordagem dos pais deve ser adaptada às necessidades individuais de cada criança.

Embora não exista uma chave mestra para todas as situações, algumas estratégias poderão dar uma certa orientação e ajudar os pais, e filhos, a lidarem com esta ansiedade

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Consegue partilhar algumas estratégias - para filhos e pais - que ajudem a lidar com esta ansiedade?

Embora não exista uma chave mestra para todas as situações, algumas estratégias poderão dar uma certa orientação e ajudar os pais, e filhos, a lidarem com esta ansiedade.

  • Comunicação aberta. Saber ouvir e validar as emoções das crianças é uma importante chave para os pais incentivarem os filhos a expressar os seus sentimentos e preocupações sobre aquilo que os aflige.
  • Ser um exemplo. Pais ansiosos geram filhos ansiosos. As crianças tendem a modelar o comportamento dos pais, por isso, uma das maneiras mais eficazes de ajudar a criança a lidar com o stress é demonstrar métodos eficazes para gerir a sua própria ansiedade.
  • Promover a resiliência. Evitar situações que possam deixar as crianças ansiosas pode trazer alívio imediato, mas, a longo prazo, impede a oportunidade de aprenderem a lidar com os seus próprios medos, por isso, incentivar a enfrentar a situação irá promover resiliência.
  • Estabelecer rotinas de sono. Gradualmente, antes do início das aulas, os horários de dormir e despertar devem ser ajustados à necessidade das crianças para fornecer estrutura e garantir um bom descanso.
  • Estabelecer expetativas realistas. Os pais devem definir expetativas realistas e congruentes quanto ao desempenho escolar para não promover demasiada pressão. Valorizar o esforço e empenho em vez dos resultados.
  • Procurar ajuda profissional. Se a ansiedade persistir e intensificar, os pais devem procurar a ajuda de um profissional na área da saúde mental. A hipnose clínica tem demonstrado excelentes resultados nesta condição.

Importa perceber que cada criança é única e qualquer estratégia deve ser de acordo com as necessidades individuais de cada uma e da dinâmica familiar. Geralmente o suporte parental desempenha um papel fundamental para ajudar as crianças a enfrentar a ansiedade e a ter um ano letivo bem-sucedido.

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