Quase conseguimos ouvir na nossa cabeça a implacável 'Miranda Priestly' - personagem de 'O Diabo Veste Prada' interpretada por Meryl Streep, que muitos dizem que é inspirada na diretora criativa da Vogue mundial e editora-chefe da edição norte-americana, Anna Wintour - a dizer "Paris é a semana mais importante de todo o meu ano". E assim foi. Durante nove dias, de 25 de setembro a 3 de outubro, a tradição cumpriu-se. A semana da alta-costura parisiense levou mais de 60 marcas à cidade da luz, onde foram apresentadas as coleções das maisons mais icónicas, como Christian Dior, Saint Laurent e Chanel.
A Dior foi um dos destaques. A diretora criativa da marca, Maria Grazia Chiuri, trouxe uma oportunidade de reflexão para cima da passarela sobre os códigos do vestuário estabelecidos. As rendas contrastaram com bainhas desbotadas, instigando as mulheres a vestirem o que querem. Frases como "o meu corpo não é um produto" e "eu não sou a sua boneca" foram projetadas durante o desfile, um trabalho da artista italiana Elena Bellantoni, inspirado pelos anúncios publicitários dos anos 60.
Leia Também: Oito lições de estilo que aprendemos com a Semana da Moda de Nova Iorque
Ao som da música 'Take My Breath Away', dos Berlim, com a Torre Eiffel de fundo, o diretor criativo da Saint Laurent, Anthony da Vaccarello, casou o 'je ne sais quoi' francês com a aviação, numa clara homenagem a duas mulheres aviadoras e muito à frente do seu tempo: a norte-americana Amelia Earhart e a francesa Adrienne Bolland. O resultado é uma coleção de contrastes com uma forte mensagem feminista, onde a sarja convive com saias justas.
Já num cenário criado pela artista norte-americana Lynda Benglis, o diretor criativo da Loewe, Jonathan Anderson, voltou a arrojar nas texturas, cortes e assimetrias. Há a destacar uma capa em malha tricotada, que surgiu em várias cores, e as cinturas bem subidas.
Leia Também: Adeus, 'cowboy boots'! Estas vão ser as botas mais cobiçadas da estação
A britânica Stella McCartney criou um mercado sustentável com 21 barraquinhas por onde desfilaram vestidos fluídos, transparências e blazers estruturados. Já a Louis Vuitton de Nicolas Ghesquière apostou forte na alfaiataria e nas saias longas.
Ver esta publicação no Instagram
Outros dos destaques dos últimos dias do evento foi a despedida emotiva de Sarah Burton - a designer britânica que assinou o vestido de noiva da futura rainha da Inglaterra, Kate Middleton, em 2011 - da Alexander McQueen, que já veio anunciar o substituto. Seán McGirr é o novo diretor criativo da casa de moda. O irlandês abandona o cargo de responsável pelo pronto-a-vestir da J.W Anderson, onde estava desde 2020.
Sarah Burton
© Getty Images
Leia Também: O achado do dia! Veja o vestido estilo Chanel que falta no seu armário
No encerramento da Semana da Moda de Paris eram esperados fatos em tweed, mas a Chanel optou por uma coleção despretensiosa, onde nem coordenados em ganga faltaram e outros propostas que refletem o estilo da própria Virginie Viard, que sucedeu a Karl Lagerfeld (1933-2019).
De Nova Iorque, Londres, Milão e Paris, rumamos à capital portuguesa. Por cá, arranca esta quinta-feira, a 5 de outubro, a ModaLisboa, onde vários designers portugueses, como Gonçalo Peixoto, Carlos Gil e Luís Carvalho, vão apresentar as suas coleções. Veja aqui o programa.
Leia Também: Luís Carvalho: "Não podemos desenvolver sem pensar em sustentabilidade"