Diabetes aumenta o risco de desenvolver doença renal, avisa médica
Este artigo é assinado pela nefrologista Andreia Campos, a propósito da campanha 'A Vitória Contra a Doença Renal Começa na Prevenção'.
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A diabetes é uma doença que ocorre quando o organismo não produz insulina em quantidade suficiente ou não a consegue utilizar de forma adequada. A insulina é uma hormona produzida pelo pâncreas que regula a quantidade de açúcar no sangue. Há vários tipos de diabetes: os mais comuns são o tipo 1 (10% dos casos, geralmente diagnosticada na infância e ocorre por insuficiência do pâncreas na produção de insulina) e o tipo 2 (mais comum, ocorre geralmente em adultos com mais de 45 anos) em que o pâncreas produz insulina que o organismo não consegue utilizar adequadamente.
As complicações da diabetes não surgem no imediato e são resultado do descontrolo glicémico persistente. Há vários órgãos que podem ser afetados, entre os quais, os rins. Cada rim contém cerca de um milhão de nefrónios, que de forma simplista, são filtros que regulam a eliminação dos produtos tóxicos do metabolismo e o excesso de líquido. A diabetes pode danificar este sistema, dando origem à nefropatia diabética.
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Os níveis elevados de açúcar no sangue (hiperglicemia) aumentam o trabalho dos rins e causam danos nos vasos sanguíneos que culminam na perda da capacidade de filtração e na acumulação de tóxicos. A doença renal é silenciosa. O primeiro sinal de doença é a presença de quantidades anormais de uma proteína chamada albumina na urina (albuminúria). A elevação da pressão arterial, a maior frequência urinária (polaquiúria) sobretudo à noite (nictúria), inchaços (edemas) à volta dos olhos, mãos e pés podem ocorrer; numa fase mais tardia há acumulação de creatinina e ureia no sangue e nessa fase os sintomas são os mesmos da doença renal crónica avançada (cansaço, perda de apetite, náuseas, vómitos e prurido). Na diabetes, pode haver dano nos nervos (neuropatia) com disfunção da bexiga e dificuldade no seu esvaziamento, aumentando o risco de infeções do trato urinário e dos rins.
Nem todos os doentes diabéticos desenvolvem doença renal. A hipertensão arterial, o tabagismo, a raça (mais frequentes em hispânicos, afro-americanos e asiáticos) e fatores genéticos podem aumentar o risco.
Há dois fatores chave no tratamento da doença renal associada à diabetes: controlar a glicemia a pressão arterial. É essencial evitar o excesso de peso, diminuir o consumo de sal, evitar o consumo de álcool e tabaco e praticar exercício físico regularmente. Quando estas medidas não são suficientes deve associar-se terapêutica farmacológica.
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Em Portugal cerca de um em cada três diabéticos podem desenvolver doença renal crónica com necessidade de terapêutica substitutiva da função renal. Cerca de 35% a 40% dos doentes em diálise são diabéticos. Acompanho muitos doentes com doença renal diabética, vários em diálise, outros já transplantados. Uma grande parte deles ignorou durante vários anos a necessidade de manter um adequado controlo glicémico.
Quando o diagnóstico é efetuado em fases precoces da doença ainda existe hipótese de intervenção e de retardar a sua progressão. Por isso, esteja atento! O seu comportamento é determinante. Consulte o seu médico regularmente. Deve realizar um estudo analítico ao sangue e à urina, pelo menos uma vez por ano. A hipertensão arterial, a dislipidemia e a obesidade têm de ser controladas. Evite tomar medicamentos que possam lesar o rim, nomeadamente anti-inflamatórios não esteroides.
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