Hoje em dia, na era das redes sociais, os transtornos psicológicos, relacionados com a imagem, e com o corpo, são cada vez mais comuns, especialmente entre os mais novos. Graças a isto, surgem conceitos que nem todos conhecem, como a dismorfia corporal.
Trata-se de uma perturbação "caracterizada por uma excessiva preocupação com um defeito corporal imaginário para o paciente", esclarece Alberto Lopes, um neuropsicólogo das Clínicas Dr. Alberto Lopes, ao Lifestyle ao Minuto.
Existem várias teorias sobre as causas. Sabe-se, no entanto, que tem consequências sérias a longo prazo, nomeadamente, a depressão, a ansiedade, o isolamento social e a ideação e tentativa de suicídio.
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Alberto Lopes© Clínicas Dr. Alberto Lopes
O que é a dismorfia corporal?
A perturbação dismórfica corporal é caracterizada por uma excessiva preocupação com um defeito corporal imaginário para o paciente. Este tem a tendência a desenvolver uma marcada angústia associada ao suposto defeito corporal e que interfere significativamente nas interações sociais.
Quais são as causas mais comuns desta perturbação?
Várias teorias têm tentado explicar a etiologia da dismorfia. A psicanálise refere a causa associada a conflitos emocionais/sexuais inconscientes ou a sentimentos de culpa e baixa autoestima.
Teorias biológicas apontam como causa desregulação no neurotransmissor serotonina e outras perturbações do âmbito neurológico.
Já os modelos cognitivo-comportamentais referem que pode ser uma variedade de fatores interligados e que causam a dismorfia, tais como predisposição genética, fatores culturais, vulnerabilidades psicológicas e experiências adversas ocorridas na infância.
Mostra-se mais frequente no sexo feminino, com idades compreendidas entre os 15 e 30 anos
Quais são os sintomas mais comuns?
- Preocupação excessiva com o defeito corporal imaginário, predominantemente defeitos faciais (nariz e queixo);
- Angústia;
- Evitamento social;
- Medo de rejeição;
- Isolamento social;
- Comportamentos compulsivos, como passar muito tempo em frente do espelho a maquilhar, pentear, desfazer a barba;
- Comparação excessiva com os outros na tentativa de provar que tem um defeito real;
- Comportamentos suicidas (24 a 29% referem tentativas de suicídio).
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Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico deverá ser feito por profissionais de saúde mental (psicólogos e psiquiatras), tendo em conta critérios de diagnóstico específicos.
Que tipo de consequências tem a curto e longo prazo? São muito graves?
- Isolamento social;
- Ideação e tentativas de suicídio;
- Depressão;
- Ansiedade;
- Comportamentos obsessivo compulsivos;
- Ideias delirantes.
Quem está mais vulnerável a este problema? É mais comum em alguma faixa etária?
Os dados referentes à prevalência da dismorfia não são realmente conhecidos, já que estes indivíduos tendem a procurar principalmente profissionais da área da estética, dermatologia e cirurgia plástica para a resolução do problema. No entanto, mostra-se mais frequente no sexo feminino, com idades compreendidas entre os 15 e 30 anos.
Importa referir que o tratamento destes pacientes não deve passar por tratamentos estéticos/cirúrgicos, tendo em conta a ausência de melhoria do quadro sintomatológico depois destes procedimentos
Que tipo de acompanhamento e tratamento exige uma pessoa com esta perturbação?
Fundamentalmente, a psicologia e também o acompanhamento psiquiátrico. Em alguns casos, o tratamento psicológico combinado com psicofármacos tem mostrado melhores resultados, principalmente quando surgem delírios associados à preocupação excessiva com o defeito.
Importa referir que o tratamento destes pacientes não deve passar por tratamentos estéticos/cirúrgicos, tendo em conta a ausência de melhoria do quadro sintomatológico depois destes procedimentos.
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É possível recuperar completamente?
A resposta ao tratamento requer pelo menos 16 semanas de terapia combinada com psicofarmacologia. A taxa de resposta é de 50%–80% ao tratamento farmacológico combinado com acompanhamento psicoterapêutico. São comuns recaídas e comorbilidades como depressão e ansiedade.
Como é que a família e os amigos conseguem ajudar uma pessoa com esta condição?
Ajudar alguém nesta condição passa sobretudo por aceitar os sentimentos da pessoa, oferecer tempo e espaço para partilhar pensamentos e ajudar na procura de apoio e ajuda especializada.
É possível prevenir a dismorfia corporal?
Tendo em conta a variedade de fatores que se podem combinar para desenvolver uma dismorfia corporal, o fator no qual a prevenção pode ser mais eficaz relaciona-se com as experiências adversas ocorridas na infância. Estas referem-se a experiências de cariz traumático contra a criança/adolescente, ambiente familiar disfuncional e negligência.
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