Sabe o que é (realmente) a dismorfia corporal? Esclareça a dúvida

Para a mais recente edição d'O Médico Explica, falámos com Alberto Lopes, o neuropsicólogo das Clínicas Dr. Alberto Lopes, sobre a dismorfia corporal, um transtorno psicológico que afeta cada vez mais jovens (e não só).

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Margarida Ribeiro
14/11/2023 09:00 ‧ 14/11/2023 por Margarida Ribeiro

Lifestyle

O Médico Explica

Hoje em dia, na era das redes sociais, os transtornos psicológicos, relacionados com a imagem, e com o corpo, são cada vez mais comuns, especialmente entre os mais novos. Graças a isto, surgem conceitos que nem todos conhecem, como a dismorfia corporal. 

Trata-se de uma perturbação "caracterizada por uma excessiva preocupação com um defeito corporal imaginário para o paciente", esclarece Alberto Lopes, um neuropsicólogo das Clínicas Dr. Alberto Lopes, ao Lifestyle ao Minuto.

Existem várias teorias sobre as causas. Sabe-se, no entanto, que tem consequências sérias a longo prazo, nomeadamente, a depressão, a ansiedade, o isolamento social e a ideação e tentativa de suicídio. 

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Notícias ao Minuto Alberto Lopes© Clínicas Dr. Alberto Lopes  

O que é a dismorfia corporal?

A perturbação dismórfica corporal é caracterizada por uma excessiva preocupação com um defeito corporal imaginário para o paciente. Este tem a tendência a desenvolver uma marcada angústia associada ao suposto defeito corporal e que interfere significativamente nas interações sociais.

Quais são as causas mais comuns desta perturbação? 

Várias teorias têm tentado explicar a etiologia da dismorfia. A psicanálise refere a causa associada a conflitos emocionais/sexuais inconscientes ou a sentimentos de culpa e baixa autoestima.

Teorias biológicas apontam como causa desregulação no neurotransmissor serotonina e outras perturbações do âmbito neurológico.

Já os modelos cognitivo-comportamentais referem que pode ser uma variedade de fatores interligados e que causam a dismorfia, tais como predisposição genética, fatores culturais, vulnerabilidades psicológicas e experiências adversas ocorridas na infância.

Mostra-se mais frequente no sexo feminino, com idades compreendidas entre os 15 e 30 anos

Quais são os sintomas mais comuns? 

  • Preocupação excessiva com o defeito corporal imaginário, predominantemente defeitos faciais (nariz e queixo);
  • Angústia;
  • Evitamento social;
  • Medo de rejeição;
  • Isolamento social;
  • Comportamentos compulsivos, como passar muito tempo em frente do espelho a maquilhar, pentear, desfazer a barba;
  • Comparação excessiva com os outros na tentativa de provar que tem um defeito real;
  • Comportamentos suicidas (24 a 29% referem tentativas de suicídio).

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Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico deverá ser feito por profissionais de saúde mental (psicólogos e psiquiatras), tendo em conta critérios de diagnóstico específicos.

Que tipo de consequências tem a curto e longo prazo? São muito graves? 

  • Isolamento social;
  • Ideação e tentativas de suicídio;
  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Comportamentos obsessivo compulsivos;
  • Ideias delirantes. 

Quem está mais vulnerável a este problema? É mais comum em alguma faixa etária?

Os dados referentes à prevalência da dismorfia não são realmente conhecidos, já que estes indivíduos tendem a procurar principalmente profissionais da área da estética, dermatologia e cirurgia plástica para a resolução do problema. No entanto, mostra-se mais frequente no sexo feminino, com idades compreendidas entre os 15 e 30 anos. 

Importa referir que o tratamento destes pacientes não deve passar por tratamentos estéticos/cirúrgicos, tendo em conta a ausência de melhoria do quadro sintomatológico depois destes procedimentos

Que tipo de acompanhamento e tratamento exige uma pessoa com esta perturbação? 

Fundamentalmente, a psicologia e também o acompanhamento psiquiátrico. Em alguns casos, o tratamento psicológico combinado com psicofármacos tem mostrado melhores resultados, principalmente quando surgem delírios associados à preocupação excessiva com o defeito.

Importa referir que o tratamento destes pacientes não deve passar por tratamentos estéticos/cirúrgicos, tendo em conta a ausência de melhoria do quadro sintomatológico depois destes procedimentos.  

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É possível recuperar completamente? 

A resposta ao tratamento requer pelo menos 16 semanas de terapia combinada com psicofarmacologia. A taxa de resposta é de 50%–80% ao tratamento farmacológico combinado com acompanhamento psicoterapêutico. São comuns recaídas e comorbilidades como depressão e ansiedade. 

Como é que a família e os amigos conseguem ajudar uma pessoa com esta condição?

Ajudar alguém nesta condição passa sobretudo por aceitar os sentimentos da pessoa, oferecer tempo e espaço para partilhar pensamentos e ajudar na procura de apoio e ajuda especializada. 

É possível prevenir a dismorfia corporal? 

Tendo em conta a variedade de fatores que se podem combinar para desenvolver uma dismorfia corporal, o fator no qual a prevenção pode ser mais eficaz relaciona-se com as experiências adversas ocorridas na infância. Estas referem-se a experiências de cariz traumático contra a criança/adolescente, ambiente familiar disfuncional e negligência.  

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