Sarampo em Portugal. Devo preocupar-me? Perguntámos a uma médica

Quais são os sintomas mais comuns de sarampo a ter em atenção? Como se propaga ao certo? O Lifestyle ao Minuto esclareceu estas e outras dúvidas com a pediatra Isabel Saraiva de Melo, do Hospital Cruz Vermelha.

Notícia

© Shutterstock

Ana Rita Rebelo
15/01/2024 14:49 ‧ 15/01/2024 por Ana Rita Rebelo

Lifestyle

Sarampo

As autoridades de saúde portuguesas identificaram, recentemente, um caso de sarampo num bebé inglês de 20 meses. De acordo com um comunicado da Direção-Geral da Saúde (DGS), não estaria vacinado. A criança encontra-se internada e está "clinicamente estável, prevendo-se a alta para os próximos dias".

Para já, segundo a DGS, não foram identificados outros casos de sarampo. Também no domingo, dia 14, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, afirmou que não existe nenhuma suspeita de contágio do caso importado e a probabilidade de isso vir a acontecer é reduzida.

"Quem não está vacinado é o maior problema", aponta a pediatra Isabel Saraiva de Melo, do Hospital Cruz Vermelha, ao Lifestyle ao Minuto. Ainda assim, "tendo em conta as altas taxas de cobertura vacinal (+de 95%) em Portugal, a probabilidade de virem a surgir novos casos é muito baixa". "Este vírus é muitíssimo contagioso e ter existido contacto é determinante, mas, felizmente, não há nenhum relato disso", lembra.

Notícias ao Minuto © Isabel Saraiva de Melo

Quanto a sintomas, destacam-se a febre alta, a congestão nasal, vermelhidão dos olhos e erupção na pele. O período de incubação pode ir de uma a três semanas.

O sarampo, recorde-se, continua a ser uma das principais ameaças às crianças, como demonstram os números da Organização Mundial da Saúde. No ano passado, foram registados nove milhões de casos de sarampo e 136 mil mortes, mais 18% e 43%, respetivamente, do que em 2021. Este aumento surge na sequência de vários anos consecutivos em que as taxas de vacinação contra o sarampo estiveram em queda.

Leia Também: Bebé com sarampo em Lisboa? "Não há nenhuma suspeita de contágio"

Para a pediatra Isabel Saraiva de Melo, são duas as razões que justificam este cenário. A primeira prende-se com "o sucesso das próprias vacinas". "Esta geração de jovens pais são, porventura, quem menos vacina os filhos, porque nas últimas décadas nunca viram doenças como o sarampo, poliomielite, tétano... Aqueles casos que matavam."

Por outro lado,  a pediatra recorda um mito que surgiu no final dos anos 90, quando foi publicado um estudo de Andrew Wakefield, na revista Lancet, que levantou a hipótese de a vacina tríplice viral (contra o sarampo, a papeira e a rubéola) estar associada ao desenvolvimento de perturbações do espectro do autismo. "Esse mito já foi desmontado imensas vezes, mas infelizmente ficou", lamenta.

O que também contribuiu para um atraso da vacinação contra o sarampo foi a pandemia de Covid-19. "Estávamos tão assoberbados e o medo das pessoas era tal que houve algum atraso na vacinação dos bebés que nasceram nessa altura, embora tenha sido feito um enorme esforço de recuperação", faz questão de sublinhar a médica, acrescentando que "as polémicas em torno da vacinação Covid também não ajudaram". "Foi mais uma acha para a fogueira", considera.

No entanto, "os pais podem confiar plenamente nas vacinas incluídas no Programa Nacional de Vacinação". "São vacinas seguras e eficazes", garante Isabel Saraiva de Melo.

Leia Também: "Estável". Bebé de 20 meses internado com sarampo em Lisboa

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas