O leitor perguntou: A alimentação tem influência no cancro colorretal?

Maria Antónia Ruão, coordenadora de Nutrição no Hospital CUF Porto, assina este artigo a A propósito do Mês Europeu da Luta Contra o Cancro do Intestino, que agora se assinala.

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Notícias ao Minuto
07/03/2024 14:06 ‧ 07/03/2024 por Notícias ao Minuto

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Saúde

O cancro colorretal foi o segundo tipo de cancro mais frequente na população portuguesa em 2022, de acordo com a atualização dos dados no Global Cancer Observatory da Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta informação torna-se mais preocupante quando se pesquisam previsões até 2050, onde se verifica que haverá aumento, não só da incidência, como também da mortalidade, em ambos os sexos.

Quais os fatores de risco para o desenvolvimento desta doença?

São reconhecidos vários fatores de risco para esta doença tais como: história familiar, doenças intestinais crónicas, tabagismo, sedentarismo e alimentação. De facto, a alimentação desempenha um papel muito importante na prevenção e durante o tratamento do cancro colorretal. 

O que podemos fazer para prevenir o seu aparecimento?

No que respeita à prevenção, é de destacar uma especial atenção na evicção do consumo de carne vermelha (carne de porco, vaca…) e carne processada (salsichas, bacon, chouriças...), visto que a OMS declarou que a ingestão destes alimentos está relacionada com o surgimento do ccr.

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A sugestão é, portanto, limitar a ingestão destes alimentos e optar por fontes de proteína mais saudáveis tais como carne branca, peixe e leguminosas.

O consumo excessivo de álcool também está associado a um aumento do risco de aparecimento de cancro colorretal. Devemos limitar a ingestão de acordo com as diretrizes da dieta mediterrânica (dois copos de vinho para homens e um copo para mulheres).

Uma alimentação rica em fibras é importante na manutenção da saúde do sistema digestivo, o que por sua vez diminui o risco de cancro colorretal. Ingerir hortícolas, fruta e cereais integrais de acordo com as orientações da OMS, cerca de vinte e cinco gramas de fibra por dia, para adultos. 

Porque é importante o acompanhamento por um nutricionista?

O papel do nutricionista é importante no sentido da aquisição de hábitos alimentares saudáveis e personalizados para prevenir esta doença, pois estas recomendações gerais devem ser adaptadas e personalizadas a cada pessoa. 

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Para os doentes com cancro colorretal, o acompanhamento nutricional torna-se ainda mais importante, visando não só o suporte físico para melhorar os resultados do tratamento, minimizar os efeitos secundários, mas também para promover uma melhor qualidade de vida durante todo o processo de recuperação.

Que cuidados devem ter estes doentes com a alimentação?  

Doentes com cancro colorretal enfrentam desafios significativos devido aos efeitos secundários dos tratamentos, tais como alterações no paladar, perda de peso não intencional, perda de massa muscular, fadiga, alterações gastrointestinais, perda de apetite, náuseas, vómitos, entre outros. Estes efeitos secundários culminam em desnutrição protéico/energética, e em casos mais graves caquexia (perda de tecido adiposo e músculo ósseo) afetando negativamente o prognósticos e sobrevivência.

Está documentado que a desnutrição tem um impacto negativo na qualidade de vida, estimando-se que 10-20% dos doentes morrem devido às consequências da desnutrição e não por causa do próprio cancro. 

É também importante destacar o facto de que estes doentes têm risco acrescido de défice de vitamina D, selénio, zinco, ferro, vitamina C, vitamina E e ácido fólico, não só pela insuficiente ingestão alimentar como também pela diminuição da capacidade para digestão e absorção intestinal. É imprescindível desenvolver estratégias no plano alimentar para minimizar a desnutrição do doente, tais como a introdução de alimentos de elevada densidade nutricional, ricos em proteínas, vitaminas, minerais, gorduras saudáveis e fibras. Caso o doente não consiga atingir as suas necessidades calóricas através dos alimentos, existe a possibilidade de recorrer a suplementação via oral, de forma a atingir esse aporte calórico extra. 

É aconselhado a ingestão de alimentos leves, com baixo teor de gordura saturada e por vezes retirar a lactose, mas nestes casos é mandatório que haja acompanhamento por nutricionista para evitar uma maior carência nutricional pela retirada destes componentes.

Recentes dados demonstram que a desnutrição relacionada com o cancro ainda é subestimada na prática clínica. É importante destacar que a nutrição não só impacta diretamente na resposta ao tratamento, mas também desempenha um papel na qualidade de vida do doente, contribuindo para a saúde física, emocional e mental do mesmo.

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