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Parkinson. Deve procurar um terapeuta da fala? Médica esclarece

Helena Santos, coordenadora da equipa de terapia da fala do Campus Neurológico Lisboa, assina este artigo.

Parkinson. Deve procurar um terapeuta da fala? Médica esclarece
Notícias ao Minuto

14:17 - 07/03/24 por Notícias ao Minuto

Lifestyle Saúde

A Doença de Parkinson (DP) tem uma face visível e mais facilmente identificável por todos (o tremor, a lentificação dos movimentos, os passos que se tornam pequenos), no entanto, tal como outras patologias neurológicas, o seu impacto sente-se em diferentes capacidades e funções. Hoje destaco duas: comunicar e alimentar-se de forma segura e sem que haja compromisso do estado nutricional e hídrico.

Embora não sejam aquelas que a maior parte das pessoas evoca ao pensar na DP, as alterações nestas funções são diversas e muito frequentes e as suas consequências são determinantes na qualidade de vida das pessoas com esta patologia e dos seus familiares ou cuidadores.

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Entre as alterações mais comuns na DP contam-se aquelas que ocorrem ao nível da fala (disartria): a voz torna-se baixa, rouca ou soprada, a articulação dos sons fica mais cerrada e a fala perde a sua entoação característica. É, também, comum que exista um defeito de perceção, isto é, a pessoa com DP não percebe que tem estas alterações ou que são tão marcadas e, como tal, não tenta corrigir-se e tem dificuldade em compreender o porquê de os outros não entenderem o que diz.

Notícias ao Minuto © Helena Santos

A DP afeta também a deglutição, isto é, a capacidade de transportar saliva, líquidos e alimentos desde a boca até ao estômago, de forma segura (sem que haja entrada nas vias aéreas – laringe, traqueia e pulmões). Quando tal não acontece estamos perante uma alteração no processo da deglutição denominada de disfagia. Os primeiros indícios de disfagia são, muitas vezes, o aumento da quantidade de saliva na boca, comprimidos presos na boca ou na garganta e episódios de tosse/engasgamento com saliva, líquidos e sólidos secos e granulosos.

Em fases iniciais, acontecem com reduzida frequência e por esse motivo tendem a ser desvalorizados, mas com o avançar da doença passam a ocorrer mais frequentemente e com uma maior variedade de alimentos. O agravamento da disfagia aumenta a probabilidade de engasgamento e de se desenvolver uma pneumonia de aspiração devido à entrada de líquidos ou alimentos nos pulmões, o que acarreta riscos para a saúde e contribui para a diminuição do prazer alimentar.

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Em ambos os casos, a intervenção do terapeuta da fala (TF) pode ajudar a minimizar o impacto destas alterações.Quando o foco é melhorar a função, quer seja a fala ou a deglutição, a evidência sugere a aplicação de programas de reabilitação intensivos em que, durante algumas semanas, são realizadas sessões quase diariamente. O acesso a estes programas não está, contudo, ao alcance de todos e em determinadas fases da doença pode fazer sentido um programa menos intensivo, mas de duração mais prolongada. As funções da fala e deglutição, tal como a marcha, implicam o correto funcionamento de um vasto conjunto de músculos e sabemos que a prática de exercício regular e mantida no tempo, parece trazer benefícios para as pessoas com DP.

Sabemos também que, para uma boa parte das pessoas, com ou sem doença, a prática regular de um programa de exercício, sem acompanhamento, pode ser difícil e desmotivante. Acredito, por isso, que tal como a marcha, também as funções da fala e deglutição devem ser trabalhadas de forma regular e que um acompanhamento próximo por parte de um TF, não só ajuda a manter a regularidade da prática, mas permite, de forma muito mais precoce, detetar novas alterações e ajustar os programas de exercício.

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Para além da reabilitação da função, o papel do TF passa também pelas abordagens compensatórias. Por um lado, aquelas que contribuem para o aumento da funcionalidade comunicativa, como introdução e adaptação de estratégias, dirigidas aos interlocutores ou ao ambiente comunicativo e identificação, adaptação e treino de instrumentos facilitadores da comunicação como os amplificadores vocais. Por outro, as que contribuem para aumentar a segurança da alimentação por via oral, e que podem ser aplicadas à forma como a pessoa se alimenta ou à própria alimentação, como é o caso da modificação das consistências alimentares. A evidência científica, mostra-nos que mudar a consistência dos alimentos é, em muitos casos, suficiente para tornar a deglutição segura. Esta adaptação pode, no entanto, alterar o valor nutricional dos alimentos e resultar em perda de prazer alimentar pelo que é essencial, nesta fase, contar, não só com um TF, mas também com um nutricionista. 

Acredito, assim, que é importante procurar um TF, assim que seja feito o diagnóstico, mesmo que ainda não se sintam alterações na fala ou deglutição. Desta forma, desde cedo, podem ser realizados ensinos e recomendados programas de exercício que contribuam para manter a comunicação e deglutição na melhor condição possível. Importa salientar que, para que seja bem-sucedida, a intervenção deste profissional deve ser vista como uma parte de um todo, que inclui a participação de outras especialidades e em que a pessoa com DP e a sua família estão no centro dos cuidados de saúde.

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