Cancro colorretal. "Diagnóstico precoce pode, de facto, salvar vidas"
Apostar na vigilância e no diagnóstico precoce pode, de facto, salvar vidas, quando se fala de cancro colorretal, uma das causas mais frequentes de doença oncológica. Os tratamentos são cada vez mais avançados, incluindo as cirurgias disponíveis. Quem o diz é José Manuel Oliveira, cirurgião geral na unidade de tumores gastrointestinais do Hospital CUF Porto, que assina este artigo.
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O cancro colorretal é uma das causas mais frequentes de doença oncológica. A grande maioria desenvolve-se a partir do crescimento de tecido no interior do intestino a que chamamos pólipos. Estes vão crescendo, ao longo do tempo, no interior do intestino e, alguns, têm potencial de evoluir para cancro. Por isso mesmo, a vigilância através de colonoscopia permite identificar os pólipos e removê-los, prevenindo assim uma potencial doença, ou diagnosticar a doença em fases muito precoces.
Há famílias que têm cancro colorretal herdados de pais para filhos. Noutras verificamos um histórico muito marcado desta doença na família alargada, podendo ser estudado o risco de outros membros poderem vir também a ter. Os cancros colorretais descobertos precocemente têm taxas de sobrevida aos cinco anos de 90%, no entanto, só cerca de quatro em 10 são descobertos nesta fase. Apostar na vigilância e no diagnóstico precoce pode, de facto, salvar vidas.
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Ao nível do tratamento, dispomos do tratamento local e do tratamento sistémico. No primeiro caso, usamos a colonoscopia ou a cirurgia. Com a colonoscopia conseguimos remover grande parte dos pólipos com técnicas simples ou mais complexas. Os cancros mais avançados são removidos através da cirurgia, sendo que a cirurgia oncológica tem evoluído muito e existem cada vez mais técnicas e vias de abordagem menos agressivas para o doente e mais eficazes para tratar a doença.
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A cirurgia tradicional continua a ser a referência em termos de standards oncológicos, mas a cirurgia laparoscópica reduz a dimensão da agressão cirúrgica, tornando o pós-operatório mais tolerável. Já a cirurgia robótica melhora a visualização e a abordagem no doente, com os resultados oncológicos a serem muito prometedores. Após a cirurgia, o tumor é analisado para avaliar a doença. Ficamos depois a saber se é suficiente para controlar a doença ou se será necessário mais algum tratamento complementar.
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Já no que diz respeito aos tratamentos sistémicos, temos a quimioterapia, a terapêutica dirigida e a imunoterapia, que tem um papel no tratamento da doença que já se encontra em outros órgãos. Esta abordagem é definida por uma equipa multidisciplinar que será constituída numa consulta de grupo oncológico. É importante referir que cada vez mais se consegue fazer um tratamento complementar à medida de cada doente, mediante as características do tumor.
Para muitos doentes com cancro colorretal, o tratamento pode remover ou destruir completamente o tumor. Para outros, o propósito é, com tratamento complementar, transformar esta doença numa situação crónica controlada.
O fim do tratamento traz muitas vezes stress e alegria para o doente: se por um lado está feliz por ter acabado, por outro pode ter receio que possa voltar. Por isso mesmo, um programa de seguimento por uma equipa multidisciplinar é fundamental para manter o controlo da situação e a vigilância adequada a cada situação e a cada pessoa.
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