Chef Rita Magro: "Vejo-me a cozinhar para o resto da minha vida"
Aos 27 anos, Rita Magro foi distinguida com o prémio Jovem Chef na primeira gala Michelin 100% portuguesa. Em entrevista ao Lifestyle ao Minuto, revelou os seus sonhos, as inspirações, o que gosta de cozinhar e o como vê o papel das mulheres no mundo da cozinha.
© Luís Ferraz
Lifestyle Guia Michelin
Rita Magro, 27 anos, não tem dúvidas de que seguir a profissão de chef foi o melhor que fez. "Vejo-me a cozinhar para o resto da minha vida", revelou em entrevista ao Lifestyle ao Minuto.
Atualmente, trabalha na cozinha do Blind, no Porto, do chef Vítor Matos. Foi lá que começou a dar nas vistas e onde chamou a atenção do Guia Michelin. Na primeira gala 100% portuguesa, que se realizou no final de fevereiro, foi a vencedora do prémio Jovem Chef.
"Receber este prémio é o resultado de muito trabalho", sublinhou. Sabe que vai (e quer) cozinhar por muitos anos e tem também o sonho de abrir um projeto próprio. "Com certeza será algo tecnicamente bem feito, cheio de sabor."
O que significa receber o prémio Jovem Chef logo na primeira gala Michelin em Portugal?
Ainda hoje parece um sonho. Conseguimos perceber que o Guia Michelin é muito seletivo, pelo que sempre olhei para tal com muita admiração e respeito. Receber este prémio é o resultado de muito trabalho, pelo que estou extremamente orgulhosa e feliz.
Espero que [o prémio de Jovem Chef] seja um bom presságio para o futuroEra algo de que estava à espera?
De todo. Só sabemos os resultados no momento da gala, em direto, e sempre pensei que fosse necessário ter uma estrela Michelin associada ao nosso nome para ganhar este prémio.
É importante ter sido a primeira mulher em Portugal a recebê-lo em Portugal?
Já houve outras mulheres reconhecidas com este prémio, como é o caso da chef Martina Puigvert no guia espanhol, cujo trabalho sigo há alguns anos. No caso de Portugal, o facto de o primeiro prémio ter sido para mim, espero que seja um bom presságio para o futuro.
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Acha que o mundo da cozinha ainda é muito dominado por homens?
Há efetivamente mais homens a trabalhar em cozinha comparativamente com as mulheres, mas creio que esta tendência se está a reverter.
O chef Vítor Matos é uma das inspirações de Rita Magro© Luís Ferraz
A falta do reconhecimento de uma estrela Michelin para uma mulher é algo que peca no Guia em Portugal?
Creio que esta falta de reconhecimento não está associada ao género. Somos realmente menos dentro do nível que acredito que o Guia procure, e isso torna as probabilidades menores. Claro que terei uma felicidade especial quando isso acontecer.
Acredita que este reconhecimento poderá estar para breve?
Sim, sem dúvida. Há cada vez mais mulheres a mostrarem o seu trabalho e dentro de projetos que, aparentemente, têm tudo para receber esse reconhecimento.
O Blind poderá ser uma boa aposta para vir ganhar estrela Michelin?
O nosso foco no Blind é fazer boa comida e proporcionar momentos especiais aos nossos clientes através de todos os detalhes. Qualquer tipo de prémio que venha em consequência disso, é bem-vindo.
Quando é que percebeu que a cozinha era a sua grande paixão?
Por volta dos 17 anos, quando o meu irmão começou a inventar uns pratos diferentes.
Se não fosse chef, que profissão teria seguido?
Sinceramente, não sei dizer. Descobrir a paixão pela cozinha foi a minha salvação, quando tinha 17 anos estava mesmo desorientada com o queria fazer. Seria algo na área das ciências, provavelmente.
Lembra-se do primeiro prato que cozinhou?
A primeira coisa que cozinhei foi arroz branco com carne estufada, bem tradicional português.
É incrível criar boas emoções em quem come a nossa comida
Que chefs, nacionais e internacionais, são a sua inspiração?
O primeiro lugar terá de ser para o chef Vítor Matos, é a minha maior inspiração. Tenho mesmo muitos, acredito que cada pessoa tem a sua forma especial de ser e cozinhar. Alguns exemplos são Henrique Sá Pessoa, Hans Neuner, Elena Arzak, Grant Achatz e Joan Roca.
Atualmente trabalha no restaurante Blind, no Porto© Luís Ferraz
Qual é o ingrediente que mais gosta de cozinhar e porquê?
Tiro muito gosto em cozinhar tudo o que seja peixe e marisco. Portugal tem o melhor produto do mundo nessa categoria, então é sempre um sentimento especial.
O que mais a fascina neste trabalho?
É incrível criar boas emoções em quem come a nossa comida. Além disso, não importa quão bons somos, é uma vida inteira em que todos os dias se aprende algo.
Como se vê daqui a uns anos? O que gostava de estar a fazer?
Vejo-me a cozinhar para o resto da minha vida. Algo que ambiciono muito é ter um negócio em nome próprio, com certeza será algo tecnicamente bem feito, cheio de sabor.
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