Um grupo de investigadores liderado pela Universidade de Granada (UGR) revelou que a melatonina, conhecida pela sua capacidade de regular o ciclo sono-vigília, pode restaurar a composição das fibras musculares e proteger o músculo esquelético dos danos causados pela obesidade e pela diabetes tipo 2.
Os resultados do estudo, publicados nas revistas Free Radical Biology and Medicine and Antioxidants, mostram que esta hormona melhora a função mitocondrial, reduz o stress celular e previne a morte celular programada, oferecendo uma nova estratégia terapêutica para combater esta doença metabólica, noticiou na quinta-feira a agência Efe.
O estudo, liderado pelo professor de Farmacologia da UGR, Ahmad Agil, mostrou que a administração de melatonina a roedores obesos e diabéticos durante 12 semanas foi capaz de promover a conversão de fibras musculares glicolíticas (rápidas) em fibras oxidativas (lentas), melhorando a eficiência energética do músculo.
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Esta alteração não só otimiza a produção de energia, como também protege o músculo da deterioração causada pela "diabesidade", uma condição que combina a obesidade e a diabetes tipo 2.
O trabalho envolveu cientistas da UGR, do Instituto de Neurociências Federico Olóriz e do Instituto Biosanitário de Granada, além de outras instituições, como o Centro de Endocrinologia, Diabetes e Nutrição de Madrid, a Universidade do Qatar e a Universidade Yarmuk, na Jordânia.
O estudo centrou-se no músculo esquelético, um órgão essencial que representa mais de 50% do peso corporal, e analisou os três tipos de fibras musculares.
A melatonina foi capaz de restaurar a proporção saudável destas fibras, aumentando as fibras oxidativas e reduzindo as fibras glicolíticas, o que reverte os efeitos da "diabesidade" e melhora a capacidade do músculo de queimar gordura e produzir energia.
Além disso, a melatonina apresentou efeitos semelhantes aos da atividade aeróbica prolongada, melhorando principalmente a função mitocondrial e regulando os níveis de cálcio nos compartimentos celulares, o que reduz o stress celular e previne a morte celular programada.
"Verificámos que a melatonina restaura os níveis de cálcio nas mitocôndrias e no retículo endoplasmático, o que ajuda a reduzir os danos celulares", explicou Agil.
Estas descobertas podem abrir novas perspetivas para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas baseadas na administração farmacológica de melatonina para melhorar a saúde muscular em doentes com "diabesidade".
"Os nossos resultados reforçam a ideia de que a melatonina pode ter aplicações terapêuticas em doenças metabólicas, melhorando a saúde muscular dos doentes", realçou o coordenador do estudo, que conta com financiamento europeu e do Ministério da Ciência, Inovação e Universidades de Espanha.
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