A revista Nature publicou ontem aquele que é, até hoje, um dos estudos mais revolucionários sobre depressão, a segunda doença mais comum no mundo e uma das principais causas de incapacidade, conforme os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Jonathan Flint, da Universidade de Oxford, pode ter dado um enorme passo na ciência e na compreensão desta doença silenciosa. Diz a Nature, revista onde o estudo foi publicado, que a equipa de Flint (em parceira com a Universidade de Virginia Commonwealth) encontrou aquela que é a primeira sequência genética relacionada com a depressão, condição amplamente estudada e investigada cientificamente, mas sempre sem sucesso.
Mais concretamente, lê-se na Nature, estes cientistas encontraram duas variantes genéticas que estão associadas com este transtorno mental e que são responsáveis pela probabilidade de alguém poder vir a sofrer de depressão. A primeira foi detetada na sequência genética que codifica uma enzima com uma função ainda não compreendida, já a segunda surge junto ao gene SIRT1, responsável pela produção de células estruturais chamadas mitocôndrias, presente em grande parte das células do sistema nervoso, do coração e dos músculos.
Conta a Nature que esta descoberta resultou da análise do ADN de 10.640 pessoas, sendo que 5.303 eram mulheres e tinham depressão, os restantes desempenharam o papel de personagens de controlo. Das mulheres com depressão, 85% apresentou sintomas de melancolia, ou seja, incapacidade de sentir felicidade. Todos estes participantes eram da China, país onde a doença é ainda altamente subestimada.
Esta variação genética foi, posteriormente, detetada num outro conjunto de participantes, com mais de três mil homens e mulheres com depressão e três mil personagens de controlo.
Embora seja ainda apenas um passo – mesmo que gigante – para a compreensão da doença e conceção de novos tratamentos, a comunidade cientifica mostra-se entusiasmada e pronta para levar a cabo novas e mais aprofundadas investigações semelhantes.