Se para grande parte das crianças ter muitos irmãos é sinónimo de alegria, para outras, a chegada de mais rebentos à família pode ter um impacto direto na sua capacidade cognitiva.
Esta é a ideia sugerida por um recente estudo (dezembro de 2015) que analisou os dados de várias famílias ao longo de 26 anos (da National Longitudinal Survey of Youth 1979) e concluiu que, com a chegada de mais uma criança, os outros irmãos tornam-se mais propensos a ter habilidades cognitivas inferiores e um pior comportamento, lê-se no Washington Post.
Pelas mãos dos economistas Chinhui Juhn, Yona Rubinstein e C. Andrew Zuppann, a investigação analisou fatores como rendimentos e educação dos pais, notas a matemática dos filhos, capacidade de leitura, problemas comportamentais e ainda dados acerca do ambiente doméstico (que incluiu, por exemplo, o número de vezes que os pais acompanharam os filhos no momento em que realizavam os trabalhos de casa ou que jantaram em família).
E a conclusão não poderia ser mais clara: a partir do momento em que chegavam mais irmãos, os outros irmãos tendiam a ter piores resultados na escola a apresentar comportamentos menos corretos.
O ambiente familiar caiu três pontos percentuais à chegada de cada filho, a capacidade cognitiva das crianças baixou 2,8 pontos percentuais e o mau comportamento cresceu a olhos vistos.
Mas os resultados não são lineares: as meninas tendem a ter piores notas quando têm irmãos mais novos e os meninos são os que apresentam mais comportamentos de risco quando passam a ter mais irmãos.
Consequências para o futuro
De acordo com a publicação, o estudo indica ainda que a chegada de novos irmãos não tem apenas um impacto a curto prazo. Esta situação faz-se sentir na vida adulta: menor escolaridade, rendimentos mais baixos, maior probabilidade de comportamento criminoso e mais gravidezes adolescentes.
Esta conclusão surgiu depois de os investigadores terem cruzado, ao longo dos 26 anos, dados acerca do ‘investimento parental’, que foi dividido em quatro fatores: tempo gasto com os filhos, recursos (dinheiro, livros, roupa, etc.), afeição dos pais aos filhos e ambiente doméstico (segurança, harmonia, etc.).
A quantidade de tempo passado com os filhos mais velhos foi o que mais mudou sempre que uma nova criança chegava à família, mas foi ainda detetado um outro fator que interfere com a habilidade cognitiva das crianças: a inteligência das mães.
Os filhos de mães que não conseguiram passar no teste realizado para o acesso das Forças Armadas dos Estados Unidos eram os que apresentavam piores resultados escolares assim que chegava um novo irmão.