As Perturbações do Espetro do Autismo (PEA) “são um síndroma neuro-comportamental com origem em perturbações do sistema nervoso central que afeta o normal desenvolvimento da criança”.
De acordo com a definição dada pela Federação Portuguesa de Austismo no seu site, a caracterização clínica desta condição é feita com base em sintomas comportamentais em três domínios: “perturbações da interação social recíproca, restrição da comunicação verbal e não-verbal e reportório restrito de interesses e comportamentos”.
Mas estes três domínios têm sido comummente associados a uma personalidade distante e fria por parte das pessoas autistas. Esta teoria transformou-se num estereótipo que só este ano foi quebrado.
Um estudo conjunto entre a Escola Internacional Superior de Estudos Avançados (Itália) e a Universidade de Viena (Áustria) vem, agora, provar que as pessoas autistas são igualmente empáticas como aquelas que não sofrem deste transtorno.
Publicada na revista Nature esta semana, a investigação liderada por Indrajeet Patil e Jens Melsbach não só revela que as pessoas com autismo são empáticas, como indica que possuem um nível de empatia anormal, isto é, preocupam-se mais do que as outras pessoas em tentar não causar danos em terceiros.
Para alcançar esta conclusão, os investigadores avaliaram uma série de escolhas morais hipotéticas em adultos com autismo e o papel da empatia e alexitimia em tais escolhas. A alexitimia é uma condição que faz com que as pessoas sintam dificuldade em verbalizar as suas emoções, o que justifica a facilidade com que este problema é frequentemente confundido com o autismo.
Segundo a Nature, os resultados mostram que os adultos com autismo apresentaram um padrão normal de juízos morais, apesar das dificuldades que sentem na cognição social e no processamento emocional.