A doença celíaca é uma doença auto-imune provocada por uma predisposição genética causada pela permanente sensibilidade ao glúten, proteína presente no trigo, no centeio, na cevada e na aveia. A ingestão de glúten, mesmo que mínima, faz com que o organismo desenvolva uma reação imunológica contra o próprio intestino delgado, o que provoca lesões na sua mucosa que se traduzem pela diminuição da capacidade de absorção dos nutrientes.
A doença celíaca não tem cura e o único tratamento eficaz consiste numa dieta isenta de glúten para toda a vida.
Esta segunda-feira celebra-se o Dia Internacional do Celíaco e o Lifestyle ao Minuto falou com a Associação Portuguesa de Celíacos (APC), que dá alguns conselhos e alertas a quem tem a doença.
A compra de produtos totalmente sem glúten e sem qualquer tipo de contaminação é uma das principais preocupações dos portadores da doença. Hoje em dia, diz a APC, a oferta de produtos específicos sem glúten é diversificada em todas as categorias de produtos como pão, massas, farinhas, cereais de pequeno-almoço, etc.”
Contudo, “é sobretudo nos géneros alimentícios processados que surgem as dúvidas, a adequação do seu consumo é decidida através da leitura atenta dos rótulos, que a APC através do aconselhamento nutricional prestado aos associados ensina a fazer. É uma referência facilitadora da escolha, a presença do logótipo APC ou qualquer outra menção à isenção de glúten nos rótulos dos produtos”.
Mas há também que olhar para a aparência. Ao Lifestyle ao Minuto, a APC saliente que “os produtos em que o glúten não está presente tendem a ser mais compactos e com mais tendência a esmigalhar. Nesta lógica a indústria alimentar recorre a ingredientes com maiores teores de gordura e açúcar para potenciar a textura e sabor dos produtos especialmente produzidos sem glúten”.
“No momento da escolha destes produtos específicos sem glúten, em relação ao seu conteúdo nutricional deve ser analisada a tabela nutricional e preferir as opções mais ricas em fibra e com os teores mais baixos de sódio, açúcar, gordura saturada e trans, por 100 gramas”, reforça a APC.
“De reforçar as opções naturalmente isentas de glúten (fruta, legumes, hortaliças, carne, peixe, etc.), se considerarmos a Roda dos Alimentos os produtos que necessitem de substitutos sem glúten estão integrados em apenas um grupo - cereais e derivados, e tubérculos - incluindo este, ainda, cereais naturalmente isentos de glúten como é o caso do arroz, milho, batata, etc.”, explica a APC.
No processo de leitura de rótulos, a APC aconselha a regra dos 3 P’s, ou seja, o conhecimento dos alimentos permitidos, dos alimentos perigosos e dos alimentos permitidos.
Os alimentos permitidos são “naturalmente isentos de glúten, por isso podem ser consumidos livremente por celíacos”, porém, “algumas farinhas isentas podem ser alvo de contaminação cruzada”. Os alimentos perigosos são aqueles que “podem conter glúten na sua composição, pelo que é necessário confirmar sempre os ingredientes presentes na rotulagem dos produtos”. Já os alimentos proibidos são os que “contêm glúten na sua composição e, como tal, não são adequados a celíacos” e que “devem ser substituídos por outros alimentos equivalentes sem glúten”.
Para facilitar a vida de quem é obrigado a banir o glúten da alimentação, a APC enumera outras dez regras fundamentais e que devem ser cumpridas ‘religiosamente’. São elas:
1. Nunca deixe de cumprir a dieta isenta de glúten, pois só assim sentirá melhorias generalizadas do seu estado de saúde e se manterá saudável.
2. Leia regularmente a composição dos alimentos que compra, pois esta pode ser alterada sem aviso prévio.
3. Consulte a listagem de produtos analisados em laboratório e as fornecidas pelas empresas alimentares associadas à APC;
4. Prepare sempre em primeiro lugar as refeições sem glúten e não confecione alimentos sem glúten com alimentos com glúten, retirando-os antes de servir ao celíaco;
5. Todos os utensílios utilizados na confeção ou manipulação dos produtos sem glúten devem ser exclusivos para este fim ou, em alternativa, serem muito bem higienizados entre a utilização de produtos com e sem glúten;
6. Armazene os produtos sem glúten, devidamente identificados, em separado dos produtos com glúten;
7. Utilize uma torradeira e/ou tostadeira, manteigueira e óleos de fritar, exclusivamente para os produtos sem glúten;
8. Para o fabrico de produtos de pastelaria utilize receitas tradicionais, substituindo por farinhas isentas de glúten;
9. Tenha especial cuidado com confeções como empadões, almôndegas, etc., pois não podem conter farinhas/pão ralado dos cereais proibidos;
10. Verifique sempre se as embalagens dos produtos que compra estão intactas.