Cientistas conseguiram eliminar primeiros sintomas de Alzheimer

O estudo foi feito em modelos animais por uma equipa de 15 investigadores portugueses e franceses.

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Vânia Marinho
22/06/2016 10:49 ‧ 22/06/2016 por Vânia Marinho

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Estudo

A descoberta, já publicada na revista científica Nature Communications, foi possível porque, pela primeira vez, os cientistas focaram o estudo na causa dos primeiros sintomas da doença (perturbações na memória) – modificações da plasticidade das sinapses no hipocampo, como informa a Universidade de Coimbra em comunicado.

O hipocampo desempenha um papel essencial na memória, funcionando como o gestor do gigantesco centro de informação recebida pelo cérebro.

Sabendo-se que as sinapses são as responsáveis pela transmissão de informação no sistema nervoso, garantindo a comunicação ente neurónios, a equipa utilizou um modelo animal duplo mutante (com a modificação de dois genes da proteína APP, que causam doença de Alzheimer em humanos) para rastrear toda a atividade destas ligações e identificar o que impede o hipocampo de processar e gerir corretamente a informação obtida.

Nas experiências realizadas ao longo de três anos, os cientistas adquiriram registos detalhados da plasticidade das sinapses através de eletrofisiologia da atividade cerebral e descobriram que a origem do problema estava no funcionamento excessivo dos recetores A2A para a adenosina (‘antenas’ envolvidas na comunicação cerebral), bloqueando a capacidade do hipocampo de atribuir o seu ‘carimbo de qualidade’ à informação importante para a memória.

Depois de terem identificado a falha no centro de gestão de informação, os investigadores produziram e administraram no ratinho um 'vírus', interferindo com este recetor A2A e conseguindo eliminar os sintomas da doença.

“Quando o recetor A2A tem um funcionamento excessivo, o hipocampo é incapaz de separar a informação relevante da não relevante, mas bloqueando este processo tudo volta à normalidade”, explica o coordenador do estudo.

Rodrigo Cunha considera que os resultados desta investigação representam “um avanço extraordinário para o desenvolvimento de estratégias de combate à doença de Alzheimer, pois conseguimos recuperar o funcionamento sináptico” e defende o avanço para os ensaios clínicos.

O estudo foi financiado pelo Prémio Mantero Belard de Neurociências da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e pela Association Nationale de Recherche (França).

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