Se drenássemos toda a humidade do nosso cérebro e ficássemos apenas com o conteúdo nutricional, uma grande parte do seu cérebro viria de gorduras, mais concretamente de lípidos. Mas poderíamos também encontrar proteínas e aminoácidos, vestígios de micronutrientes (como as vitaminas e os minerais) e ainda glucose.
É desta forma que o mais recente vídeo publicado no YouTube pelo canal TED-Ed começa a explicar o que é que a comida faz ao nosso cérebro, revelando que cada um dos componentes nutricionais mencionados acima têm uma função e um impacto distinto na massa cinzenta. Sim, o cansaço que sentimos, a fadiga pós refeição e a falta de sono são apenas algumas consequências cerebrais daquilo que comemos.
Os ácidos gordos ómega 3 e 6 são dois dos protagonistas do cérebro, atuando diretamente na prevenção da degeneração do cérebro, sendo, por isso, importante apostar numa dieta rica em frutos secos, peixes gordos e sementes. Estes alimentos ajudam a criar e a manter as membranas celulares, evitando o declínio cognitivo, por exemplo.
Porém, e ao contrário do que acontece com o ómega 3 e o ómega 6, existem gorduras que merecem ser ignoradas pelo efeito negativo que têm no nosso cérebro. É o caso do consumo continuado de gorduras trans e saturadas – como aquelas que se encontram nos bolos, doces e bolachas, nas batatas fritas, nos fritos em geral e nos alimentos processados e que até podem ser rotulados de saudáveis.
Por seu turno, as proteínas e os aminoácidos manipulam a forma como nos sentimos e comportamos. Os aminoácidos, explica o vídeo, contêm os percursores dos neurotransmissores, ou seja, os mensageiros químicos que têm como principal função o transporte de sinais entre neurónios, tendo um impacto direto no humo, no sono, na atenção, etc.
Deste modo, uma deita variada a nível proteico – e que contenha vegetais, frutas, lacticínios, carne e peixe – ajuda a manter uma combinação equilibrada de mensagens cerebrais, não causando estados de confusão.
Mas não são apenas os alimentos em si que interferem com o funcionamento e saúde no nosso cérebro. Os micronutrientes são igualmente importantes e até benéficos. Os antioxidantes, por exemplo, fortalecem o cérebro para combater os radicais livres que destroem as células cerebrais. A vitamina B6 e B12 e o ácido fólico podem prevenir as doenças cognitivas, tal como fazem os minerais ferro, cobre, zinco e sódio.
Apesar do cérebro apenas representar 2% do peso corporal humano, faz um uso de mais de 20% dos nossos recursos energéticos, maioritariamente provenientes de hidratos de carbono, que o corpo transforma em glucose. E é quando os níveis de glucose começam a cair que o corpo dá sinais de um declínio nutricional, o que pode desencadear as mais variadas doenças.
Contudo, continua o vídeo, não devemos comer da mesma forma todos os hidratos de carbono (HC), uma vez que os HC simples – como o pão branco – provocam uma libertação rápida de glucose no sangue, dando-se uma quebra repentina, algo que não acontece com os HC complexos – que libertam a glucose lentamente, mantendo a concentração cerebral por mais tempo, e que podem ser encontrados nos alimentos com alto teor de fibra, como a aveia, os cereais integrais, os legumes e algumas frutas.
Afinal, qual a melhor dieta para o cérebro? É aquela que assegura uma variação de alimentos ricos em nutrientes, contudo, devemos sempre optar por comer várias vezes ao dia e lentamente, pois a forma como comemos diz tanto sobre o impacto no cérebro quanto aquilo que comemos.