"O número de portugueses [cerca de 160 mil] com demência é uma estimativa adaptada às características da nossa população, com base em estudos efetuados para os países da Europa do sul", precisou a médica Isabel Santana.
A neurologista coordena a exposição científica sobre aquela patologia que é inaugurada na quarta-feira em Coimbra, no Museu Machado de Castro, intitulada "Desenhar o tempo", que se insere nas comemorações do Dia Mundial da Doença de Alzheimer.
A mostra, que vai estar patente até 31 de outubro, retrata a forma como "se desenha o tempo na demência" e pretende, segundo Isabel Santana, "apenas sensibilizar as pessoas para a doença e nada mais".
Trata-se de uma experiência cognitiva e gráfica que permite compreender o funcionamento do cérebro humano e conhecer as suas fragilidades, de forma a sensibilizar para a importância do diagnóstico precoce da demência e da doença de Alzheimer.
"Esta exposição é dedicada ao Teste do Desenho do Relógio (TDR), um dos testes cognitivos mais populares tanto na deteção como no acompanhamento da evolução de doentes de Alzheimer", explica a neurologista do CHUC.
Os avanços alcançados no diagnóstico cada vez mais precoce têm sido acompanhados pela inovação em fármacos com potencial de prevenção, que podem retardar o aparecimento de sintomas e a progressão da doença.
A exposição "Desenhar o tempo" é promovida pelo Museu Machado de Castro em colaboração com a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer.
Em comunicado, os organizadores explicam que a "representação do tempo através de um relógio envolve a ativação de várias regiões cerebrais e a colaboração de múltiplas funções cognitivas (visuais, abstração, conhecimento dos números, capacidades de organização e de execução...), que se vão perdendo progressivamente nas demências".
O teste do desenho do relógio é um instrumento neuropsicológico breve e ecológico que reflete a evolução da doença, mas que também tem sensibilidade para revelar os benefícios e reconquistas das novas estratégias de intervenção.
"A utilização desta prova na prática clínica implicou a realização de estudos na comunidade que permitiram definir objetivamente os padrões de normalidade de acordo com a idade e a escolaridade e caracterizar os erros mais frequentes nas diversas formas de demência", lê-se no documento.
Os promotores da exposição consideram que o envelhecimento ativo, baseado em programas que associam atividade física e estimulação cognitiva, é uma estratégia preventiva "com eficácia comprovada, que deve ser implementada na comunidade".
Segundo a neurologista Isabel Santana, a idade é o principal fator de risco da doença de Alzheimer, cuja prevalência em Portugal é semelhante à dos restantes países europeus.