Gordura na anca pode ser um sinal de saúde
'Dois segundos na boca, uma eternidade nas ancas'... e ainda bem.
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Lifestyle Estudo
Numa altura em que as atenções estão quase todas centradas no excesso de peso que se alastra um pouco por todo o mundo, a ciência vai dando pequenos passos noutras abordagens ao avaliar aspetos isolados do corpo humanos... como as ancas.
Um recente estudo da Universidade de Tubinga, na Alemanha, não só reforça a ideia que de magreza nem sempre é sinal de saúde, como destaca ainda que ter alguma gordura na região das ancas pode mesmo ser positivo.
Na prática, explica o site LiveScience, os cientistas alemães sugerem que as pessoas magras que tendem a acumular alguma gordura nas ancas e nas coxas apresentam um menor risco de doença cardíaca, transtornos metabólicos e diabetes quando comparadas com as pessoas que acumulam gordura noutras partes do corpo, em particular na barriga, onde se aloja frequentemente a gordura visceral.
O estudo centrou-se na avaliação de cerca de mil pessoas e todos os participantes (com peso a menos, peso normal ou peso a mais) foram submetidas a testes para determinar o índice de massa corporal (IMC), o índice de gordura corporal e a distribuição dessa mesma gordura.
Assim que cruzaram todos os dados, os cientistas notaram que as pessoas com um peso normal mas que foram classificadas como metabolicamente saudáveis tendiam a ter gordura acumulada nas ancas e nas coxas, fazendo com que o corpo ganhasse uma forma de pêra. Por seu turno, as pessoas com maior acumulação de gordura na parte superior do corpo tendiam a ser classificadas como metabolicamente não saudáveis e, por isso, mais propensas a doenças cardíacas e/ou diabetes... e tudo porque a gordura não fica alojada num local concreto e acaba por colocar o fígado e o coração em risco.
Por metabolicamente saudável entende-se a pessoa cujo metabolismo está protegido contra a acumulação de açúcar e/ou sódio no sangue, colesterol, triglicerídeos, resistência à insulina, entre outros fatores.
No início deste ano um estudo defendeu que nem toda a obesidade é má. De acordo com três investigadores da Leeds Beckett University, que assinaram em conjunto uma publicação no site The Conversation, não é por uma pessoa ser obesa que tal quer dizer que tem menos saúde ou que é menos saudável. “Por exemplo, alguém com um IMC (índice de massa corporal) ‘saudável’, ou que parece magro, pode não estar realmente de boa saúde (pense nos fumadores regulares, por exemplo). Do mesmo modo, as pessoas mais musculadas, como os jogadores de rugby, são muitas vezes categorizadas como tendo um IMC de ‘obeso’, mas estão de boa saúde”, lê-se na publicação.
Já no ano passado uma investigação apresentada no 33º Congresso de Cardiologia da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), defendia que as pessoas com peso a mais e as pessoas com um peso normal têm o mesmo índice de 10% de diminuição da passagem de sangue pela artéria coronária, condição que aumenta o risco de enfarte. O estudo, diz a investigadora, “corrobora vários outros estudos da literatura no sentido da limitação do IMC na avaliação do paciente como um todo: como o IMC é apenas um cálculo de peso dividido pela altura ao quadrado, não leva em consideração a composição corporal (massa magra e gordura), que pode variar de pessoa para pessoa com um mesmo IMC”. E é a composição corporal um outro fator determinante na hora de avaliar a saúde e os falsos magros.
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