A Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) afirmou na segunda-feira que o "diálogo nacional" proposto pelo Presidente Daniel Ortega vai mesmo começar, "ainda que as condições não sejam as ideais".
Em conferência de imprensa, o presidente do CEN, cardeal Leopoldo Brenes, exortou todas as partes a mostrar boa vontade, numa "atmosfera de tolerância e respeito, para se chegar a um acordo que possa traduzir-se em ações concretas".
Os estudantes, que estão por trás das manifestações, afirmaram estar "dispostos" a participar nas negociações, embora a "repressão, o assédio, a perseguição e os assassínios em diferentes regiões do país ainda não tenham parado".
Por essa razão, o presidente do Movimento dos Estudantes, Victor Cuadra, instou todos a "permanecer nas ruas".
Na segunda-feira, as ruas encheram-se novamente de estudantes cujas vozes continuam a exigir democracia e independência. Cerca de meia centena de estudantes universitários protestou todo o dia contra "o Estado", que qualificaram como "mara" (gangue). Nas faixas que empunhavam podia ler-se: "Não temos medo".
A Nicarágua vive há quase um mês uma crise que se refletiu em várias manifestações a favor e contra o Presidente, desencadeadas pela reforma da Segurança Social.
Na sexta-feira, Ortega aceitou duas condições impostas pela CEN para iniciar o diálogo: o fim da repressão dos manifestantes e a autorização para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) investigar as mortes ocorridas durante as manifestações.
O ex-guerrilheiro governa a Nicarágua ininterruptamente desde 2007.