Donald Trump considerou que o encontro com o líder da Coreia do Norte assinala o início de um novo "capítulo na história das duas nações", uma história que se prevê que seja mais "brilhante e pacífica".
O presidente dos Estados Unidos não poupou elogios a Kim Jong-un, sublinhando que "foi um prazer [encontrar-se com o líder da Coreia do Norte]" e acrescentando que foram "horas intensas" de conversa entre os dois.
“O meu encontro foi honesto, direto e produtivo. Conhecemo-nos bem neste pouco tempo”, afirmou, referindo que “se tratou de um dia histórico”, e enaltecendo ainda o facto de Kim Jong-un ter dado o “primeiro passo para um futuro mais brilhante” para o seu povo.
“[Kim Jong-Un] foi muito firme no facto de querer [proceder à desnuclearização total da Coreia do Norte]. Acho que ele quer fazer isto tanto ou mais do que eu porque vê um futuro brilhante para a Coreia do Norte”, garantiu Trump, mostrando-se confiante na palavra do líder norte-coreano e fazendo sobressair que o passado de conflitos “não deve ditar o futuro", nem comprometer o facto de poderem "tornar-se amigos”.
O presidente norte-americano mostrou-se consciente de que o processo de desnuclearização será "longo e complexo", mas defendeu que a partir do momento em que existe o compromisso para fazê-lo, já é meio caminho andado para que venha a acontecer. No entanto, afirmou que as sanções vão permanecer em vigor até poder ser comprovado que a Coreia do Norte está efetivamente a destruir as suas armas.
Sobre as garantias de segurança, o líder norte-americano disse que não passarão ainda por reduzir a presença militar norte-americana na península coreana, mas assegurou: "Nalgum ponto os 32 mil soldados [norte-americanos] vão voltar a casa e vamos parar com os jogos de guerra".
Donad Trump lembrou que a atitude de Kim Jong-un já poderia ter sido assumida por tantos outros líderes, mas que tal não aconteceu. Assim, o facto de ter mostrado uma atitude diferente em relação aos seus antecessores é só por si um facto que deve ser enaltecido.
"Qualquer um podia fazê-lo mas só os mais corajosos o farão", atirou Trump, referindo que o povo norte-coreano é "sortudo" pelo líder que tem.
O mesmo se aplica aos Estados Unidos. "Teria sido mais fácil se isto tivesse acontecido há 10 anos e isto não é uma crítica apenas a Obama, mas a todos os que o antecederam. Fi-lo porque este é um tema prioritário para mim e isto nunca seria possível se não fosse uma prioridade", frisou, referindo que tal so foi possível graças à nova administração na liderança dos Estados Unidos.
Questionado sobre direitos humanos, Trump retorquiu que a questão "foi discutida e será ainda mais debatida no futuro", direcionanado a resposta para as "muitas cartas e telefonemas" que recebeu, pedindo ainda o regresso dos restos mortais dos soldados norte-americanos mortos na Coreia do Norte, asseverando, pois, que os restos mortais de mais de 6 mil soldados vão regressar aos Estados Unidos.
Trump admitiu ir a Pyongyang no futuro, e acrescentou que já convidou o líder norte-coreano para a Casa Branca "na altura apropriada, e ele aceitou".
Este, recorde-se, foi o primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang.
O encontro histórico ocorreu depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington.
A cimeira começou pouco depois das 09h00 de terça-feira (02h00 em Lisboa), num hotel em Singapura, e resulta de uma corrida contra o tempo - com uma frenética atividade diplomática em Washington, Singapura, Pyongyang e na fronteira entre as duas Coreias -, em que houve anúncios, ameaças, cancelamentos e retratações surpreendentes.