Pastores 'peuls' rejeitam autoria de ataques que provocaram 100 mortos
Os pastores 'peuls' rejeitaram hoje a responsabilidade dos ataques ocorridos no fim de semana que provocaram uma centena de mortos no centro da Nigéria.
© Reuters
Mundo Nigéria
A imprensa local publicou numerosos artigos na manhã de hoje sugerindo que os pastores tinham reconhecido ter perpetrado as recentes matanças no Estado do Planalto, mas a Associação dos Pastores de Gado Miyetti-Allah da Nigéria (MACBAN) declarou mais tarde que aquelas declarações "eram apenas mentiras".
Os serviços de segurança locais afirmaram que 86 pessoas tinham sido mortas em seis aldeias no Planalto durante o fim de semana, mas numerosas fontes locais garantem que o número de vítimas mortais excedeu os 100.
A polícia tinha declarado que a violência do último sábado tinha sido da responsabilidade de pastores 'peuls' muçulmanos contra a comunidade cristã dos agricultores 'berom'.
Grupos de jovens 'berom' bloquearam então a estrada principal que liga Jos, no Estado do Planalto, à capital federal, Abuja, atacando todos que tinham "o aspeto de 'peuls' ou muçulmanos", segundo testemunhos. Pelo menos, seis pessoas foram então mortas, segundo aquelas testemunhas.
A associação MACBAN, em comunicado, afirmou que as milícias civis dos 'berom' e de um outro grupo, os 'irigwe', atacaram os aldeões 'peuls', bem como o seu gado, nos últimos meses, mas negaram as suas implicações nas recentes matanças.
Danladi Chiroma, o porta-voz da associação, contabilizou cerca de 300 cabeças de gado mortas nas últimas semanas e disse que estas milícias estão a ser usadas com fins políticos, quando o país se prepara para eleições legislativas e presidencial em fevereiro de 2019.
O presidente Muhammadu Buhari chegou hoje à capital do Estado, Jos, para reuniões privadas com o governador estadual, Simon Lalong, segundo um jornalista da AFP na cidade.
Buhari, que se apresenta à sua própria sucessão, está sob pressão por este conflito sangrento entre agricultores e pastores, tendo sido acusado várias vezes de não medir a dimensão do problema, que já provocou centenas de mortos desde o início do ano.
O conflito pela terra neste país de 180 milhões de habitantes assumiu contornos étnicos, políticos e religiosos. A região do Planalto, que tem estado relativamente calma nos últimos três anos, está com uma situação verdadeiramente explosiva.
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