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Venezuela: Minas de ouro tornam-se em fonte de sobrevivência alternativa

Situadas no sul da Venezuela, as minas de ouro converteram-se numa ambiciosa alternativa para um crescente número de venezuelanos que, desvalorizando histórias de assassinatos, procuram recursos para sobreviver à grave crise económica e social do país.

Venezuela: Minas de ouro tornam-se em fonte de sobrevivência alternativa
Notícias ao Minuto

11:54 - 30/06/18 por Lusa

Mundo Recursos

"Estive seis meses na Colômbia mas pagavam-se mal por não ter documentos de identificação colombianos e, após três meses, passei a estar irregular. Agora, vou viajar para Upata, para as minas, à procura de melhor vida", explicou um venezuelano à Agência Lusa.

Radicado no Estado de Táchira, fronteiriço com a Colômbia, Adrián Jiménez, de 30 anos de idade, prepara-se para cruzar a Venezuela de oeste a sudoeste, numa viagem de mais de 1.400 quilómetros, desde San António até as minas de Upata.

"Sei que é perigoso, que há casos de assassinatos em lutas pelo controlo das minas, mas irei apenas por um mês, para conseguir os recursos para o bilhete aéreo para o Peru e para viver algum tempo", frisou.

Jiménez, é pai de uma criança de 8 anos, que está ao cuidado de alguns familiares, aos que espera poder ajudar no futuro. Quanto à mulher, explicou que ficou viúvo há alguns anos e que agora a prioridade é estabilizar a vida.

Por outro lado, um pouco mais a sudeste, no Estado de Apure, Jesus Sandoval, 32 anos, está indeciso sobre o que fazer. Aterrado com a ideia de ter que "fugir" da Venezuela, já pensou estabelecer-se na vizinha Colômbia. Sente-se atraído pelas minas de ouro que estão do outro lado do país, mas está "travado" pelo risco que isso implica.

"A ideia seria ir um tempo trabalhar nas minas, conseguir dinheiro para viver um pouco melhor, aqui, mas dizem que todos os dias há gente a ser assassinada por lá", disse.

Solteiro, Sandoval, tem alguns familiares ao seu "cuidado", entre eles a mãe, já idosa e uma irmã doente.

"Há dois anos dois primos foram para o Estado de Bolívar (região mineira do país, onde estão situadas as minas de Upata), durante a viagem roubaram-lhes o camião em que viajavam e dias mais tarde soubemos que tinham sido assassinados", explicou.

Situado a sudoeste da Venezuela, o Arco Mineiro, tem várias minas de minerais e metais preciosos, entre eles ouro, cobalto, cobre e bauxite.

As autoridades estimam que as reservas locais de ouro superam as oito mil toneladas e que a maior mina de ouro do mundo está na Venezuela.

Por outro lado a imprensa venezuelana tem dado conta de casos de massacre de mineiros, entre eles o de Tumeremo, envolvendo 28 pessoas que desapareceram depois de ir para uma jazida de outro descoberta em dezembro de 2015.

Em fevereiro de 2018, 17 homens e uma mulher foram assassinados pelo Exército venezuelano na mina Cicapra de Guasipati (Estado de Bolívar).

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