A "força mental" de um treinador que perdeu pais e irmão aos dez anos
Ekkapol Chantawong perdeu a família aos dez anos de idade. Mais tarde, aos 25, atravessa outra experiência traumática. Familiar faz referência à sua instrução budista na construção de um homem "física e mentalmente forte".
Mundo Tailândia
Uma das primeiras coisas que se noticiou sobre o treinador que se encontra ainda dentro da caverna de Tham Luang, após a descoberta de toda a equipa por parte de três mergulhadores britânicos, foi o seu pedido de desculpas a todos os pais, enviado via carta.
Das poucas linhas que escreveu, essas foram as palavras mais citadas, sinal da responsabilidade que se lhe imputa neste incidente que, nos últimos dias, mantém vários países em suspenso.
Ekkapol Chantawong, conhecido como ‘Ake’, é um dos treinadores da equipa juvenil de futebol ‘Wild Boars’ mas o único que, no dia 23 de junho, foi com os seus alunos explorar o complexo de cavernas de Tham Luang. A intempérie acabaria por ditar a sucessão de acontecimentos que os encurralou na gruta.
De acordo com o The Australian, Ekkapol perdeu os pais e o irmão de 7 anos, em 2003, devido a uma doença. ‘Ake’ tinha apenas dez quando ficou sem família, viveu até aos 12 anos com os familiares mais próximos mas, de acordo com declarações de Umporn Sriwichai, sua tia, era um rapaz “triste e sozinho”.
Ekapol Chanthawong lost his whole family as a kid. He trained as a monk & then devoted his life to helping coach kids. He kept 12 children alive in a cave without food or light for 9 days. He will be last to leave tomorrow & is only 25. Remember him! #ThaiCaveRescue #Hero pic.twitter.com/yWzn2k1dJ4
— Asjad Nazir (@asjadnazir) 8 de julho de 2018
Conforme dita a tradição tailandesa, foi enviado para um mosteiro budista, onde esteve dez anos e onde se tornou num homem “física e mentalmente forte”, tendo ali aprendido a meditar, indicou a sua tia, que está acampada ao pé da gruta desde o início das operações.
Há cerca de três anos, uma escola da província de Chiang Rai, no norte da Tailândia, junto à fronteira com Myanmar (antiga Birmânia) e o Laos, decidiu começar uma equipa de futebol – os ‘Moon Pa’ ou ‘Wild Boars’ -, com alguns rapazes oriundos de minorias éticas e famílias mais pobres. Ekkapol tornou-se assistente de treinador e era dedicado à equipa, treinando os rapazes todos os dias depois das aulas.
O seu conhecimento de técnicas de meditação terá sido um fator importante para a sobrevivência das crianças, ajudando-as a manter a calma e a despender pouca energia. Ekkapol terá, até, comido o mínimo possível, para deixar os jovens os poucos mantimentos que possuíam.
“Eu sei que ele manteve os rapazes calmos e felizes. Ele tem muito amor por aqueles rapazes porque ele perdeu o pai quando era muito novo”, indicou Sriwichai à mesma publicação.
Depois dos jovens terem sido encontrados, no passado dia 2 de julho, nove dias após terem ficado encurralados, as autoridades estimularam a troca de correspondência com os familiares, uma vez que nunca foi possível fazer chamadas. A carta de ‘Ake’ dirigia-se à avó, à tia e aos pais das crianças.
Trecho da mensagem escrita pelo treinador© Thai Navy Seals
“A todos os pais, agora os miúdos estão bem… E eu prometo que vou tomar conta deles o melhor que puder. Obrigado a todos os que ajudaram. Peço muita desculpa aos pais. À minha avó, estou bem. Não se preocupe comigo. Tome conta de si. Tia, diga à avó para cozinhar numpak (prato de vegetais) e pele de porco para mim. Quando sair vou comer. Adoro-vos”, escreveu.
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