Alemanha vai facilitar imigração para colmatar falta de mão-de-obra
Os partidos da coligação no poder na Alemanha chegaram hoje a acordo sobre a adoção de legislação destinada a facilitar a imigração de trabalhadores qualificados para responder à escassez de mão-de-obra em alguns sectores da economia.
© Reuters
Mundo Coligação
Os três partidos, os conservadores da CDU e da CSU e os social-democratas do SPD, alcançaram um acordo sobre a delicada questão migratória, num contexto político marcado por um forte crescimento da extrema-direita, em reação à entrada no país de mais de um milhão de requerentes de asilo em 2015-2016.
Os governantes entenderam-se quanto à adoção em 2019 de uma lei para facilitar o acesso ao mercado de trabalho alemão de estrangeiros extracomunitários qualificados.
"Não queremos uma imigração de pessoas não-qualificadas vindas de países terceiros", frisaram social-democratas e conservadores no documento hoje apresentado que resume as grandes linhas do projeto.
Os imigrantes de fora da União Europeia (UE) que procuram emprego - em particular em setores como a restauração, as matemáticas e a informática - poderão obter uma autorização de residência na Alemanha durante seis meses, se puderem garantir os seus meios de subsistência durante esse período de tempo.
Essa autorização será prolongada se conseguirem emprego, com uma condição: deverão ter um nível suficiente de domínio da língua alemã.
"Precisamos de trabalhadores de países terceiros", reconheceu o ministro do Interior (CSU), Horst Seehofer, apesar de ter sido muito crítico em relação à política de acolhimento de refugiados adotada pela chanceler, Angela Merkel, em 2015.
Em setembro, havia cerca de 338.200 vagas de emprego por preencher na Alemanha só nos setores da informática, das matemáticas e das tecnologias da informação, segundo o diário económico Handelsblatt, que cita o Instituto Económico Alemão, com sede em Colónia.
O documento hoje apresentado sublinha que "o forte crescimento económico dos últimos anos" foi, em parte, alcançado graças a uma "imigração proveniente dos Estados membros da União Europeia", mas que "esse saldo migratório está atualmente em baixa".
A CDU-CSU e os social-democratas do SPD tiveram de ultrapassar um desacordo sobre estrangeiros a quem foi negado asilo mas que estão a trabalhar na Alemanha e falam alemão.
O SPD defendia que eles deveriam poder ficar no país, ao que a CSU se opunha. Finalmente, Seehofer concordou que os mais qualificados podem ficar.
"Trata-se de não mandar para casa as pessoas erradas", resumiu Hubertus Heil, ministro do Trabalho, do SPD.
O líder do AfD (extrema-direita), Alexander Gauland, reagiu acusando os partidos da coligação de quererem "enganar os alemães" semeando a confusão entre direito de asilo e imigração económica.
Do lado dos Verdes, Filiz Polat, encarregado das questões migratórias, alertou para um excesso de "burocracia e regulamentos opacos".
Por sua vez, Jan Korte, um dos responsáveis parlamentares do partido Die Linke (A Esquerda) instou a que o acordo seja alargado a todos os requerentes de asilo que disponham de uma atividade.
A organização patronal BDA saudou este acordo, lamentando contudo que lhe falte ambição em matéria de reconhecimento dos diplomas estrangeiros.
Após a entrada de um milhão de requerentes de asilo na principal economia europeia em 2015 e 2016, esse número deverá ser inferior a 200.000 este ano.
A integração de requerentes de asilo através do trabalho tem sido bem-sucedida na Alemanha, nomeadamente graças a uma economia florescente.
Mas uma parte da opinião pública, tal como o partido de extrema-direita AfD e uma parte da CDU-CSU, acusa os requerentes de asilo de serem responsáveis pelo aumento da insegurança no país.
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