Resultados na Baviera são um "terramoto político" para o governo
A perda de votos, nas eleições da Baviera, dos partidos que formam o governo de Merkel, foram "um terramoto político" e vão suscitar "fortes discussões", defende politólogo alemão.
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Mundo Politólogo
A CSU (União Social Cristã), partido aliado da CDU de Merkel na Baviera, perdeu a maioria absoluta nas eleições de domingo e o SPD, que também faz parte da Grande Coligação (GroKo) que forma o governo, passou a ser o quinto partido mais votado, chegando apenas aos 9,7% dos votos.
Stefan Marschall, professor de Ciências Políticas da Universidade de Dusseldorf, acredita que para perceber a verdadeira dimensão do problema vai ser preciso esperar para as próximas regionais, marcadas para daqui a duas semanas, no Estado federado de Hesse.
"Vai ser difícil para os partidos da Grande Coligação, mas vamos ter de esperar duas semanas. Até lá, não antecipo grandes turbulências. Depois haverá discussões dentro dos três partidos, mas é difícil prever o que vai acontecer. O fim da GroKo parece-me pouco provável porque ninguém quer enfrentar umas eleições antecipadas neste momento, mas haverá seguramente fortes discussões", assume o politólogo alemão.
"Para os partidos que formam governo (CDU, CSU e SPD) estes resultados foram um terramoto político. Mostrou-lhes que têm graves problemas, que estão principalmente relacionados com a dificuldade em encontrar um espaço no espetro político que cative os eleitores", realça Marschall.
Nas eleições do maior Estado federado da Alemanha, a CSU perdeu pela segunda vez, desde 1962, a maioria absoluta e atingiu os piores resultados desde 1950.
"Precisam de encontrar outro espaço, ou de repensar os desafios políticos, atendendo a que os eleitores estão a identificar-se cada vez menos com um partido específico. Precisam de encontrar outras plataformas, outros candidatos, é cada vez mais difícil para os grandes partidos, apoiarem-se nos sucessos passados", defende o professor e investigador da Universidade de Dusseldorf.
A CSU conquistou 37,2% (em 2013 o resultado tinha sido de 47,7%), o 'Freie Wähler' (Eleitores Livres) 11,6%, os Verdes 17,5%, o Alternativa para a Alemanha (AfD) 10,2% e o SPD 9,7%.
Para governar, a União Social Cristã precisa de formar uma coligação.
"O mais provável é que seja formada uma coligação com a CSU e o 'Freie Wähler' (Eleitores Livres), um partido conservador, de direita. Por isso, vai passar a existir uma espécie de novo governo na Baviera, ainda que a CSU tenha vencido e o primeiro-ministro seja o mesmo. Também em relação às políticas, não se esperam grandes novidades", afirma Stefan Marschall.
Para o politólogo alemão, a possibilidade de uma união entre Os Verdes e a CSU está praticamente fora de questão: "A distância entre eles, em termos políticos, é muito grande. Seria muito difícil conseguir acordos e compromissos, por exemplo, no campo da segurança ou nas políticas relativas aos refugiados, e na área ambiental. Para que escolher o caminho mais difícil quando há uma alternativa mais conveniente", questiona Marschall.
O professor e investigador alemão da Universidade de Dusseldorf sublinha que a Baviera tinha "um percurso político diferente de todos os restantes estados federados". Agora, acrescenta Stefan Marschall, "com a perda da maioria absoluta por parte da CSU, passa a ser igual a todos os outros, um governo regional formado por uma coligação".
As próximas eleições para um parlamento regional, desta vez para o Estado federado de Hesse, vão decorrer a 28 de outubro.
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