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Coligação na Alemanha "deve continuar, pelo menos para já"

O politólogo Claudius Wagemann entende que a coligação que forma o governo na Alemanha "deve continuar, pelo menos para já", apesar dos maus resultados das eleições regionais e de Angela Merkel, chefe do executivo, abandonar a liderança do partido.

Coligação na Alemanha "deve continuar, pelo menos para já"
Notícias ao Minuto

12:16 - 29/10/18 por Lusa

Mundo Politólogo

Segundo a imprensa alemã, Angela Merkel vai deixar de ser presidente da União Democrata Cristã (CDU, mas vai manter-se como chanceler.

Para o professor de Ciências Políticas da Universidade Goethe, em Frankfurt, a grande dúvida está em saber o que vai acontecer à "GroKo", a coligação entre a CDU, a CSU e o SPD, que forma o governo alemão.

"É a pergunta do momento. Pelo que percebi das reações dos dois partidos, a grande coligação deve mesmo continuar. Isto porque, apesar dos maus resultados em Hesse e na Baviera, as composições dos dois governos regionais vão manter-se. Isto é, os dois primeiros-ministros vão manter-se no poder", defende Claudius Wagemann, em declarações á Lusa.

"Acredito que nos próximos tempos não haverá mudanças no governo, CDU e SPD vão concentrar-se no trabalho e deixar de lado as lutas partidárias. Por agora não vejo alterações", acrescenta o politólogo.

A CDU e o Partido Social Democrata (SPD) perderam mais de 10% dos votos nas eleições deste domingo, em Hesse. Junta-se a queda no escrutínio no estado da Baviera, há duas semanas.

A líder do SPD, Andrea Nahles, fez saber este domingo que, em 2019, o desempenho da grande coligação será alvo de uma avaliação, antes de continuar.

"Ela fez este anúncio para ganhar tempo. Talvez o SPD acredite poder melhorar os níveis de popularidade até aos primeiros meses de 2019. Como não anunciou uma data concreta, isto é uma espécie de última saída para conseguir silenciar e convencer os mais críticos dentro do partido, aqueles que sempre estiveram contra a entrada do SPD numa nova coligação com a CDU", sustenta o politólogo Claudius Wagemann.

Os jornais alemães relacionam diretamente os maus resultados eleitorais, à decisão de Merkel de abandonar a liderança do partido, cargo que ocupa há 18 anos.

De entre os vários nomes apontados para suceder Merkel no poder, estão o da secretária-geral do partido, Annegret Kramp-Karrenbauer, o ministro da saúde, Jens Spahn, ou o antigo líder sindical Friedrich Merz.

Claudius Wagemann considera que "não há, por agora, um adversário claro. Nem no SPD, nem na CDU há um 'número dois' claro que possa assumir a posição de líder."

Além das perdas dos dois grandes partidos alemães, destacou-se, nas eleições deste domingo, a entrada do partido de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD) no parlamento regional de Hesse.

"Acredito que vá existir um aumento dos movimentos de extrema-direita, mas é um 'sim' relativo. Isto porque o que a Alemanha está a viver agora com a extrema-direita, já aconteceu há alguns anos noutros países europeus", sustenta o politólogo.

"Também não nos podemos esquecer que a CDU e a CSU já não cobrem o lado mais 'à direita'. Por isso, nestes 13% que a AfD conseguiu, temos eleitores desapontados com a CDU, outros são votos de protesto, e depois há os verdadeiros eleitores que se identificam com a extrema-direita. Não são todos AfD, longe disso", considera o professor de Ciências Políticas da Universidade Goethe, de Frankfurt.

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