Coligação na Alemanha "deve continuar, pelo menos para já"
O politólogo Claudius Wagemann entende que a coligação que forma o governo na Alemanha "deve continuar, pelo menos para já", apesar dos maus resultados das eleições regionais e de Angela Merkel, chefe do executivo, abandonar a liderança do partido.
© Reuters
Mundo Politólogo
Segundo a imprensa alemã, Angela Merkel vai deixar de ser presidente da União Democrata Cristã (CDU, mas vai manter-se como chanceler.
Para o professor de Ciências Políticas da Universidade Goethe, em Frankfurt, a grande dúvida está em saber o que vai acontecer à "GroKo", a coligação entre a CDU, a CSU e o SPD, que forma o governo alemão.
"É a pergunta do momento. Pelo que percebi das reações dos dois partidos, a grande coligação deve mesmo continuar. Isto porque, apesar dos maus resultados em Hesse e na Baviera, as composições dos dois governos regionais vão manter-se. Isto é, os dois primeiros-ministros vão manter-se no poder", defende Claudius Wagemann, em declarações á Lusa.
"Acredito que nos próximos tempos não haverá mudanças no governo, CDU e SPD vão concentrar-se no trabalho e deixar de lado as lutas partidárias. Por agora não vejo alterações", acrescenta o politólogo.
A CDU e o Partido Social Democrata (SPD) perderam mais de 10% dos votos nas eleições deste domingo, em Hesse. Junta-se a queda no escrutínio no estado da Baviera, há duas semanas.
A líder do SPD, Andrea Nahles, fez saber este domingo que, em 2019, o desempenho da grande coligação será alvo de uma avaliação, antes de continuar.
"Ela fez este anúncio para ganhar tempo. Talvez o SPD acredite poder melhorar os níveis de popularidade até aos primeiros meses de 2019. Como não anunciou uma data concreta, isto é uma espécie de última saída para conseguir silenciar e convencer os mais críticos dentro do partido, aqueles que sempre estiveram contra a entrada do SPD numa nova coligação com a CDU", sustenta o politólogo Claudius Wagemann.
Os jornais alemães relacionam diretamente os maus resultados eleitorais, à decisão de Merkel de abandonar a liderança do partido, cargo que ocupa há 18 anos.
De entre os vários nomes apontados para suceder Merkel no poder, estão o da secretária-geral do partido, Annegret Kramp-Karrenbauer, o ministro da saúde, Jens Spahn, ou o antigo líder sindical Friedrich Merz.
Claudius Wagemann considera que "não há, por agora, um adversário claro. Nem no SPD, nem na CDU há um 'número dois' claro que possa assumir a posição de líder."
Além das perdas dos dois grandes partidos alemães, destacou-se, nas eleições deste domingo, a entrada do partido de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD) no parlamento regional de Hesse.
"Acredito que vá existir um aumento dos movimentos de extrema-direita, mas é um 'sim' relativo. Isto porque o que a Alemanha está a viver agora com a extrema-direita, já aconteceu há alguns anos noutros países europeus", sustenta o politólogo.
"Também não nos podemos esquecer que a CDU e a CSU já não cobrem o lado mais 'à direita'. Por isso, nestes 13% que a AfD conseguiu, temos eleitores desapontados com a CDU, outros são votos de protesto, e depois há os verdadeiros eleitores que se identificam com a extrema-direita. Não são todos AfD, longe disso", considera o professor de Ciências Políticas da Universidade Goethe, de Frankfurt.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com