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Investigação denuncia expansão de campos de reeducação no oeste da China

A China expandiu uma rede de campos de internamento extrajudicial no extremo noroeste do país, que visam doutrinar a minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigure, segundo uma investigação baseada em imagens de satélites hoje difundida.

Investigação denuncia expansão de campos de reeducação no oeste da China
Notícias ao Minuto

06:37 - 01/11/18 por Lusa

Mundo Xinjiang

Segundo as imagens recolhidas pela cadeia de televisão australiana ABC e o Instituto Australiano de Política Estratégica (ASPI), as autoridades chinesas têm vindo a expandir, na região do Xinjiang, uma rede de 28 campos onde se estima que mais de um milhão de uigures são forçados a criticar o islão e a própria cultura, aprender mandarim e jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês (PCC).

A análise detalha que, desde o início de 2017, e sobretudo nos últimos três meses, os campos registaram uma expansão total de mais de dois milhões de metros quadrados.

"O que estamos a ver aqui é uma violação dos direitos humanos numa escala nunca vista desde a repressão na Praça Tiananmen [contra o movimento pró-democracia, em 1989]", afirmou o analista cibernético e especialista em assuntos chineses da ASPI, Fergus Ryan.

Na região do Xinjiang vivem cerca de 11 milhões de uigures.

Em 2009, a capital do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.

Nos últimos anos, as autoridades do Xinjiang transformaram a região num estado policial, através de uma campanha repressiva, que foi reforçada a partir de 2016, quando o secretário do PCC Chen Quanguo foi transferido para a região, após vários anos no Tibete.

Para além dos campos de detenção extrajudicial, os uigures estão limitados na sua circulação por uma combinação de medidas administrativas e postos de controlo, segundo denunciaram várias organizações não governamentais.

"Ao deter esta grande quantidade de pessoas por razões que não se justificam legalmente, a China está realmente a correr o risco de radicalizar esta população e criar condições perfeitas para que ocorra violência extrema no futuro", advertiu Ryan, citado pela ABC.

No mês passado, a China admitiu que foi criado um "modelo" que ensina a "língua comum do país, conhecimentos legais e competências profissionais", e salva os que foram enganados pelo extremismo religioso.

A detenção extrajudicial de uigures visa tratar pessoas "influenciadas pelo terrorismo e extremismo", afirmou o governador do Xinjiang, Shohrat Zakir, citado pela agência oficial Xinhua.

A China recusou, no entanto, investigações independentes pelo Comité de Direitos Humanos da ONU.

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