Vitória confortável de separatistas nas eleições no leste da Ucrânia
As eleições organizadas no leste separatista da Ucrânia, denunciadas pelos ocidentais e com resultados hoje divulgados, reforçaram o poder dos seus novos líderes e a influência de Moscovo nos territórios que escapam ao controlo de Kiev.
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Mundo Domingo
Após o comunicado conjunto do Presidente francês e da chanceler alemã que consideraram o escrutínio "ilegal", Washington juntou-se hoje aos protestos ocidentais para denunciar uma "caricatura de eleições" um dia após os escrutínios que elegeram os presidentes e deputados das duas "repúblicas populares" de Donetsk (DNR) e Lugansk (LNR), em guerra desde 2014.
Pelo contrário, o Kremlin enviou uma mensagem de felicitações aos dois líderes separatistas pró-russos por intermédio de Vladislav Surkov, assessor do Presidente Vladimir Putin, onde exprime a "confiança de que os líderes recém-eleitos farão o possível para elevar o nível de vida [das populações] e implementar as obrigações internacionais" nas suas regiões, segundo assegurou à agência Tass o responsável do Centro de Conjuntura Política, Alexei Chesnakov.
Na sua mensagem, que não foi confirmada pelo Kremlin, Surkov sublinhou a elevada participação no escrutínio de domingo -- não reconhecido pela União Europeia, Estados Unidos e Ucrânia -- como "um sinal ao mundo que os cidadãos do Donbass podem defender-se a si próprios e rejeitam firmemente as estúpidas políticas de Kiev".
Segundo analistas citados pela agência noticiosa AFP, as eleições permitem a Moscovo apresentar os líderes separatistas como homens políticos eleitos democraticamente e mais tolerantes que os seus antecessores, que eram chefes de guerra.
Os dirigentes interinos Denis Pushilin, 37 anos, designado em Donetsk após o assassinato do seu predecessor este verão, e Leonid Pasechnik, 48 anos, em Lugansk, onde o dirigente precedente foi destituído em 2017, venceram com larga vantagem das eleições de domingo, respetivamente com 60,9% e 68% dos votos de acordo com os resultados definitivos.
Moscovo acusou ainda o Governo de Kiev de "não respeitar os acordos de Minsk" e considerou que nestas circunstâncias "estas repúblicas não têm outra escolha que não seja organizarem-se para assegurar as suas obrigações sociais face às pessoas abandonadas pelo seu país", segundo explicou hoje o porta-voz do Kremlim, Dmitri Peskov.
"Quem organiza estas eleições fraudulentas no Donbass é a Federação da Rússia", considerou por sua vez na noite de domingo em Paris o Presidente ucraniano Petro Poroshenko, que abordou o tema com o seu homólogo francês Emmanuel Macron e a chanceler alemã Angela Merkel, à margem das comemorações do Armistício de 1918.
"Estas alegadas eleições lesam a integridade territorial e a soberania da Ucrânia", declararam Macron e Merkel em comunicado conjunto, considerando-as "ilegais e ilegítimas".
"Os Estados Unidos juntam-se aos seus parceiros e aliados europeus na condenação desta caricatura de 'eleições' de 11 de novembro no leste da Ucrânia sob controlo russo", comentou a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Heather Nauert.
A Rússia e a Ucrânia registam momentos de grande tensão político diplomática desde a chegada ao poder em Kiev, no inverno de 2014, de dirigentes pró-ocidentais na sequência da "revolta de Maidan", seguida pela anexação por Moscovo da península da Crimeia e do início do conflito com os separatistas no leste do país, que já provocou mais de 10.000 mortos.
Kiev e o ocidente acusam a Rússia de apoio militar aos separatistas, uma alegação que Moscovo continua a negar.
Os acordos de paz de Minsk, assinados em fevereiro de 2015 com mediação franco-alemã, permitiram uma redução considerável dos confrontos, mas continuam a registar-se periodicamente incidentes armados na linha da frente.
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