Familiares de marinheiros de submarino argentino exigem saber a verdade
Os familiares dos 44 tripulantes do submarino argentino San Juan, descoberto hoje no fundo do Atlântico, mais de um ano depois de ter desaparecido, exigem que o aparelho seja recuperado para se saber a verdade sobre o que aconteceu.
© Reuters
Mundo Buenos Aires
Em declarações aos jornalistas no Mar da Prata, onde se localiza a base do submarino, um dos pais dos marinheiros, Juan Aramayo, defendeu que o submarino naufragado tem que ser retirado do mar "para ver o que está lá dentro".
"Queremos que o recuperem, saber a verdade, porque é que isto aconteceu", afirmou à porta do hotel onde se concentraram muitos dos familiares dos tripulantes, que estavam em Mar del Plata para assinalar o aniversário do desaparecimento do San Juan, na passada quinta-feira.
O submarino argentino San Juan, que desapareceu a 15 de novembro de 2017 com 44 tripulantes, foi descoberto na sexta-feira, no Oceano Atlântico, informou a Marinha daquele país em comunicado.
"O Ministério da Defesa e a Marinha da Argentina informam que a investigação do ponto número 24 pelo [navio responsável pelas buscas] Ocean Infinity, a 800 metros de profundidade, permitiu a localização positiva do ARA San Juan", pode ler-se numa publicação na rede social Twitter.
Questionado sobre a quase coincidência das datas do aniversário e do anúncio da descoberta, Aramayo afirmou não saber "se é um acaso ou se [a marinha e a empresa] já sabiam".
"Nós sentimos que o Governo já sabia e que estava a encobrir", admitiu, pedindo "verdade e justiça" e que sejam "encontrados os culpados desta tremenda tragédia".
A Armada argentina afirmou que, com a descoberta do submarino, "se abre outro capítulo" para esclarecer o que se passou "com a cautela necessária" por respeito às famílias.
O porta-voz da Marinha, Rodolfo Ramallo, garantiu que a instituição estará "sempre à disposição da Justiça para poder esclarecer o que se passou".
As autoridades esperam que a empresa encarregada das buscas lhes entregue imagens concretas da descoberta do San Juan, para as poder divulgar.
A juíza Marta Yáñez, que conduz a investigação judicial, afirmou que agora acabam os "milhões de especulações" sobre o desaparecimento do submarino, como as teorias de que estaria sequestrado nas Malvinas ou teria sido desmontado para sucata.
Com as imagens, poder-se-á sair do campo das teorias e os peritos poderão analisá-las para perceber o sucedido.
Para já, desconhecem-se pormenores sobre o estado em que o submarino foi encontrado ou os próximos passos a dar.
Vários representantes políticos, do Senado aos partidos, prestaram homenagem aos marinheiros que morreram e enviaram mensagens de apoio aos seus familiares.
A 15 de novembro de 2017, o submarino, de fabrico alemão, comunicou pela última vez a sua posição, quando regressava desde o porto austral de Ushuaia à sua base, no mar da Prata.
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