Mudança de líderes da direita alemã "é positiva"
A escolha de novos líderes para a União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã da Baviera (CSU), é "positiva", porque é altura "da direita alemã mudar", disse à Lusa o politólogo Ulrich von Alemann.
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Mundo Politólogo
Angela Merkel anunciou, a 29 de outubro, que não se recandidataria à liderança da CDU. Duas semanas depois, Horst Seehofer decidiu seguir o mesmo caminho, não renovando a intenção de ficar à frente do principal partido da Baviera, a CSU.
Para o politólogo e professor emérito da Universidade Heinrich-Heine de Düsseldorf (HHU) é "bom que os dois partidos irmãos mudem os seus líderes".
"Os dois partidos precisam de uma nova liderança, de um recomeço, este é o tempo de mudar", considera, lembrando que Merkel está à frente da CDU há dezoito anos, enquanto Seehofer lidera a CSU há dez.
Eva Corell, editora de internacional da Bayerischer Rundfunk, a emissora pública de rádio e televisão da Baviera, não está segura de que uma mudança de líder na CDU, signifique uma mudança de rumo. Admite, no entanto, que as críticas a Angela Merkel têm crescido nos últimos tempos, dentro dos dois partidos irmãos.
"Muitos militantes da CDU e CSU questionaram a sua forma de liderar, uns querem uma abordagem mais agressiva para enfrentar a nova onda nacionalista. Mas se isso é um sinal da renovação da direita, só saberemos depois de ser escolhido um novo líder", realça a jornalista.
Já quanto à União Social Cristã, Eva Corell sublinha que a perda da maioria absoluta deste partido de direita, na Baviera, foi "um verdadeiro terramoto que tinha de trazer consequências, e era óbvio que o líder tinha que assumir a responsabilidade".
A editora de internacional da Bayerischer Runfdunk lembra que Horst Seehofer já tinha ameaçado demitir-se várias vezes, voltando depois com a palavra atrás.
"O facto de ter assumido, relutantemente, a responsabilidade da derrota, fê-lo parecer ainda mais fraco. Muitos elementos do partido consideram que ele perdeu aí a oportunidade de sair com dignidade", considera.
Corell acredita que "a grande dúvida agora é perceber se Angela Merkel vai conseguir terminar o mandato como chanceler ou não... Tudo depende de quem for eleito para liderar o partido", conclui.
A CDU e a CSU governam numa chamada "grande coligação", juntamente com o Partido Social Democrata (SPD), que também somou largas derrotas nas eleições regionais.
"Acredito que Friedrich Merz vai vencer a liderança da CDU e, mais tarde, chegar a chanceler", defende o politólogo Ulrich von Alemann, a menos de duas semanas do congresso do partido, em Hamburgo.
"Annegret Kramp-Karrenbauer ficará em segundo lugar, talvez com uma pequena diferença de votos. No congresso serão os delegados a votar, eles apostarão num homem forte, familiarizado com a economia, uma alternativa real a Merkel", explica o professor emérito da Universidade Heinrich-Heine de Düsseldorf.
Além de Merz, um advogado de 63 anos, antigo líder do grupo parlamentar da CDU, estão na corrida a secretária-geral do partido, Kramp-Karrenbauer, apelidada de "mini-Merkel", e Jens Spahn, atual ministro da saúde.
Alemann não tem dúvidas que se Merz vencer, "a grande coligação terminará em 2019", porque o advogado fiscal "não vai ser capaz de liderar a CDU com Merkel como chanceler, e o SPD não será capaz de construir uma coligação com Merz".
Já do lado dos conservadores bávaros, o ministro-presidente, Markus Söder, de 51 anos, é apontado como o sucessor natural de Seehofer.
Esta pode ser uma boa oportunidade para que o centro-direita, ocupado pelos dois partidos, reconquiste os votos perdidos para a força de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) nas últimas legislativas e regionais.
"A questão das migrações e dos refugiados vai ser fulcral na agenda dos novos líderes, o mesmo para a segurança interna e externa. Mas todos vão tratar estas questões com muito cuidado, principalmente porque não querem perder votos ao centro", aponta o politólogo alemão.
Merkel garantiu que irá manter-se como chanceler até 2021 e Seehofer salientou que continuará a ocupar o cargo de ministro do Interior do executivo federal.
O Congresso da CDU está marcado para o dia 07, em Hamburgo. A CSU vai escolher um novo líder a 19 de janeiro.
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