Jornalistas da L'Express rejeitam nome que Altice queria como diretor
Os jornalistas do Grupo L'Express rejeitaram na segunda-feira a nomeação do novo diretor da redação, Philippe Jannet, anunciou a Sociedade de Jornalistas do semanário.
© Altice
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Os jornalistas fizeram valer o seu direito de veto, recusando a nomeação do diretor de redação proposto pelo acionista, com 73 votos contra 43, com seis votos nulos ou brancos, e 97% de participação neste escrutínio por voto secreto.
A direção "entendeu o voto da redação" e vai "continuar o diálogo com os jornalistas", declarou Clément Delpirou, que dirige os títulos do grupo Altice, que inclui a revista L'Express e o jornal Libération, à AFP.
"Este voto, hoje negativo, não prejudica em nada a nossa confiança no projeto de transformação do L'Express e a capacidade de Philippe Jannet realizá-la ao nosso lado", acrescentou Delpirou.
Apesar de ter sido vetado para diretor da redação, Philippe Jannet é contudo o novo diretor-geral-delegado da sociedade Grupo L'Express. Ele tinha sido nomeado em 12 de novembro pela Altice para esta função, que não é submetida ao voto dos assalariados.
Especialista da imprensa na internet, o antigo dirigente, entre outros, de títulos como Échos, Monde Interactif e do quiosque digital ePresse, Philippe Jannet tem a missão de acelerar o desenvolvimento da revista e em particular das assinaturas digitais.
Segundo o jornal Libération e o sítio 'Arrêt sur Images', os jornalistas criticam-no pela sua proximidade com a La République en Marche, movimento fundado por Emanuel Macron, divulgada nas redes sociais e patente na sua participação ativa em vários eventos do partido presidencial nos últimos meses, designadamente animando várias conferências-debates.
"Não lamento nada. Aliás, não escondo nada, nunca apaguei nada da internet", tinha afirmado Philippe Jannet à 'Arrêt sur Images', na segunda-feira, antes do voto.
"Na última eleição presidencial, não tinha carteira de jornalista. Sentia-me livre para fazer o que quisesse. Se tivesse a carteira de jornalista, não o teria feito", acrescentou, adiantando que não tinha sido remunerado pelas suas prestações com o partido do Presidente francês, Emmanuel Macron, nem tem "envolvimento político particular".
Philippe Jannet deveria suceder a Guillaume Dubois, que dirigiu a L'Express desde 2016 e cuja saída tinha sido oficializada no início de setembro pela Altice France.
A Sociedade dos Jornalistas da L'Express tinha então denunciado "uma saída decidida de forma precipitada e impreparada" e "uma falta de visão e visibilidade" desde que o título passou para o controlo da Altice, em 2015.
Os jornalistas ainda podem recusar dois outros nomes para a direção da publicação. A direção do grupo pode então impor o nome que entender.
Os dados da Aliança para as Estatísticas da Imprensa e dos Media indicam que as vendas desta revista caíram 17,9% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, para uma média de 235 mil exemplares, apesar de uma forte subida da difusão digital.
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