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EUA tomou "decisão certa" ao reconhecer Jerusalém como capital

O reconhecimento pelo Presidente norte-americano de Jerusalém como capital de Israel foi "a decisão certa", apesar da reação "quase histérica" dos europeus e "infantil" dos palestinianos, declarou o embaixador israelita em Portugal um ano após o anúncio.

EUA tomou "decisão certa" ao reconhecer Jerusalém como capital
Notícias ao Minuto

06:23 - 05/12/18 por Lusa

Mundo Embaixadores

Em entrevista à agência Lusa, Raphael Gamzou considerou que o Presidente Donald Trump "tomou a decisão certa", anunciada a 06 de dezembro de 2017, "porque isto é um 'fait accompli' (facto consumado) não é uma realidade que possa ser mudada".

"A declaração de Trump estruturou, de certo modo, uma posição política dos Estados Unidos que já tinha sido expressa por muitos dos seus predecessores (...) Jerusalém é a capital de Israel, é um 'fait accompli'. Jerusalém nunca foi a capital de qualquer outro povo ou qualquer outro Estado mesmo no passado", insistiu.

O embaixador de Israel considerou ainda que aquela decisão "é importante como um ato simbólico".

"É importante para ajudar outros à nossa volta a interiorizar o que durante muitos anos acreditaram que se não o fizessem isso podia mudar as coisas. Não muda as coisas. É a capital de Israel e continuará. Penso que o ato do Presidente Trump é mais um carimbo, uma autenticação se quiser, para dizer sim esta é a capital de Israel", adiantou.

A decisão do Presidente norte-americano, que incluiu a transferência da embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém, ocorrida em maio, suscitou críticas generalizadas ao contrariar o consenso internacional de que o estatuto da cidade que judeus, cristãos e muçulmanos consideram sagrada deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.

A comunidade internacional não reconhece a soberania do Estado hebreu sobre a parte oriental de Jerusalém, ocupada em 1967 e anexada posteriormente, e que os palestinianos reivindicam como capital de um eventual futuro Estado.

Quase todas as embaixadas em Israel se encontram em Telavive e muitos embaixadores europeus não estiveram presentes na inauguração da embaixada norte-americana em Jerusalém.

"Penso que os europeus adoram odiar Trump e, portanto, quando ele fez a declaração houve quase uma reação histérica", disse o embaixador israelita.

Segundo Raphael Gamzou, o ex-Presidente Barack Obama declarou que Jerusalém devia ser a capital de Israel e que a embaixada dos Estados Unidos devia mudar e "não foi o único americano candidato à Presidência que o fez".

"Podia ter sido o mesmo Barack Obama a fazer a mesma declaração e eu penso que a reação na Europa não teria sido tão agressiva e histérica, porque na Europa, sem julgar o que Trump diz, há uma reação 'pavloviana' contra Trump, tudo o que ele diz tem que ser errado e devemos criticar", adiantou.

O embaixador israelita em Lisboa considerou ainda que "o que Trump fez (...) foi muito importante também para os palestinianos. Porque os palestinianos nunca terão a paz se não começarem a interiorizar a realidade. Se não abandonarem o nível das fantasias, se continuarem a chamar a Israel, como o senhor (Presidente da Autoridade Palestiniana Mahmud) Abbas disse há alguns meses que Israel é um projeto colonial do colonialismo europeu".

Abbas afirmou há um ano que os Estados Unidos deixavam de poder desempenhar o seu papel histórico de mediador nas negociações de paz entre israelitas e palestinianos com a decisão anunciada.

"A reação dos palestinianos foi muito infantil. Se for assim deixamos de ter relações com a administração norte-americana, não queremos que estejam envolvidos", comentou o embaixador.

Assinalou que "a decisão (de Trump) sobre Israel não exclui qualquer solução (...) mesmo para a questão de Jerusalém" e, questionado sobre se a "cidade santa" pode ser também a capital de um futuro Estado da Palestina, Gamzou respondeu: "Deverá fazer parte das negociações, mas não exclui Jerusalém como capital de Israel".

"Mas para encontrar soluções é preciso negociar. Não se pode comportar como uma criança ofendida, não me deu o que queria não brinco com ele. Ele não é simpático para mim, não brinco com ele. Não há outra força política ou 'player' que possa ser mais eficaz do que os americanos no Médio Oriente e a história é a prova", adiantou.

"Como israelita e acredito que esta seria a resposta de 99% dos israelitas não há nada que deseje mais do que os palestinianos virem à mesa das negociações, sentarem-se connosco e tentarem participar num verdadeiro processo de paz e acredito que pode ser feito. Mas pode ser feito apenas se passar do nível de fantasias e assim acredito que o ato de transferência da embaixada para Jerusalém foi importante porque seja em que caso for Jerusalém será a capital de Israel", disse.

Donald Trump tem-se declarado empenhado na paz entre israelitas e palestinianos e prometeu apresentar um plano, o que deverá acontecer no início do próximo ano.

Em relação a um processo de paz, o embaixador israelita em Portugal declara ser "otimista a longo prazo".

"Veja, nas últimas semanas participámos em iniciativas para assinalar o fim da I Grande Guerra, quem poderia imaginar naquela altura que a França e a Alemanha seriam os mais próximos aliados depois de anos de ódio visceral entre os dois povos e as duas nações. Como judeu não tenho o luxo de não ser otimista, se os judeus não fossem otimistas talvez já tivessem desaparecido", disse.

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