Judeus europeus sentem-se cada vez mais perseguidos
Os judeus europeus sentem-se cada vez mais ameaçados e perseguidos, seja por radicais muçulmanos ou por movimentos políticos extremistas, segundo um relatório publicado hoje pela União Europeia.
© Reuters
Mundo Relatório
"O simples facto de serem judeus aumenta a probabilidade de serem expostos a um fluxo contínuo de abusos, expressados de diferentes formas, onde quer que vão, não importa o que leem (na Internet) ou com quem estão relacionados", denuncia a Agência dos Direitos Fundamentais, da União Europeia (UE), num relatório baseado num inquérito a 16.000 judeus europeus.
O relatório intitulado "Experiências e perceções de antissemitismo" apresenta um dado igualmente preocupante: 89% dos inquiridos consideram que o antissemitismo tem crescido nos últimos cinco anos, confirmando a tendência já verificada num estudo de 2012.
"O antissemitismo é um problema que persiste", afirmou Henri Nickels, um dos especialistas da agência para assuntos de xenofobia.
O especialista adverte que os judeus europeus "sentem o antissemitismo em toda a dimensão da esfera pública".
O relatório da UE baseia-se em inquéritos "online" a pessoas que se identificam como judeus, residentes em 12 países da UE, representando 96% dos cerca de 1,5 milhões de judeus que vivem na União.
Os dados variam entre 93% dos entrevistados na França que asseguram que o antissemitismo tem crescido nos últimos cinco anos, e 73% dos inquiridos em Espanha que pensam dessa forma.
Sobre comentários ofensivos, 51% dizem que ouvem frequentemente dizer que Israel se comporta como o regime nazi com os palestinianos, os que os judeus exploram o tema do Holocausto para seu próprio interesse (35%) ou que o Holocausto foi exagerado ou não existiu (24 %).
Nickels explica que fatores recentes, como a chegada de imigrantes de países muçulmanos ou a ascensão da extrema direita, varia entre os países, pelo não podem ser apontados como única causa para o aumento da perceção de antissemitismo na Europa.
Em geral, a maioria dos entrevistados menciona a Internet e outros média como a área em que os ataques ocorrem, muito mais do que em eventos políticos, em situações sociais ou no espaço público.
Cerca de 30% dos cidadãos que participaram no estudo asseguram que sofreram algum tipo de assédio pelo menos uma vez no ano passado e 3% dizem foram vítimas de ataques físicos.
Sete em cada dez judeus acreditam que o governo do seu país não combate efetivamente o antissemitismo.
O medo de ser vítima de ataques foi mencionado por cerca de 40% dos entrevistados, um número que explica por que muitos judeus evitam usar roupas ou objetos que possam identificá-los como tal, ou até mesmo participar em eventos relacionados com a sua religião.
A situação é tão grave que 38% dos entrevistados disseram que consideraram deixar seu país.
De acordo com Nickels, um elemento importante é que muitas pessoas não têm escrúpulos em fazer comentários públicos que seriam considerados "socialmente inaceitáveis" há alguns anos.
"As pessoas são encorajadas a comentar, porque veem líderes políticos e líderes de opinião que fazem esse tipo de comentários e pensam: é bom para mim fazer isso", diz o especialista em xenofobia.
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