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Detenção de jornalistas na Venezuela é ataque à liberdade de expressão

A detenção de jornalistas que estão a fazer a cobertura da crise na Venezuela, entre os quais três da agência Efe e dois franceses hoje libertados, representa "um ataque flagrante" à liberdade de expressão, declarou hoje a Amnistia Internacional.

Detenção de jornalistas na Venezuela é ataque à liberdade de expressão
Notícias ao Minuto

21:20 - 31/01/19 por Lusa

Mundo AI

"A detenção de jornalistas é um ataque flagrante e profundamente preocupante à liberdade de expressão e ao direito à verdade, numa vã tentativa de evitar que o mundo veja as violações maciças dos direitos humanos que as autoridades estão a cometer", sustentou a diretora para as Américas da Amnistia Internacional (AI), Erika Guevara-Rosas, citada em comunicado da organização não-governamental.

De acordo com a AI, esta semana foram detidos pelo menos 11 jornalistas na Venezuela.

"Uma imprensa livre é fundamental para a defesa dos direitos humanos em qualquer país do mundo", frisou a responsável.

Nesse sentido, Guevara-Rosas instou as autoridades venezuelanas a "garantirem que os jornalistas podem trabalhar em condições de segurança, sem medo de represálias".

Pediu também a imediata "libertação incondicional de todos os membros da imprensa que continuam sob detenção" e que as autoridades "se abstenham de deportar jornalistas estrangeiros que estejam a cobrir os protestos em curso e a crise institucional".

Os dois jornalistas franceses detidos na terça-feira à noite e hoje libertados, Pierre Caillé e Baptiste des Monstiers, que trabalham para o programa "Quotidien", do jornalista e animador Yann Barthés na estação televisiva francesa TMC, "estão bem e vão abandonar a Venezuela daqui a algumas horas", anunciou o embaixador francês em Caracas, Romain Nadal, divulgando fotos dos dois profissionais.

Os três repórteres da agência noticiosa espanhola Efe detidos na quarta-feira pelos serviços secretos da Venezuela -- os colombianos Maurén Barriga e Leonardo Muñoz e o espanhol Gonzalo Domínguez -- e hoje libertados, juntamente com o motorista venezuelano José Salas, que acompanhava Muñoz, foram também instados pelas autoridades venezuelanas a sair do país, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação espanhol, Josep Borrell, interveio, dizendo que eles foram devidamente "acreditados" e poderão ficar no país para continuarem o seu trabalho.

"Não vão ser expulsos. O trabalho da embaixada e do consulado permitiu que fossem acreditados e possam ficar para cumprir a sua missão de informar", declarou o chefe da diplomacia espanhola em Bucareste, onde participa numa reunião informal de MNE da União Europeia.

Dezenas de jornalistas estrangeiros viajaram para a Venezuela para fazer de perto a cobertura noticiosa dos acontecimentos em curso durante a crise política que afeta o país e se agudizou a 23 de janeiro, quando o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, chamou a si as competências do executivo ao autoproclamar-se Presidente interino, comprometendo-se a convocar em breve "eleições livres e justas".

Guaidó recebeu o apoio imediato de cerca de 30 países e algumas organizações internacionais, enquanto o Governo de Nicolás Maduro -- que tomou posse a 10 de janeiro para um segundo mandato presidencial de seis anos, após eleições não reconhecidas pela maior parte da comunidade internacional -- denunciava a ocorrência de um golpe de Estado contra si que está a ser apoiado por boa parte da imprensa estrangeira.

Na terça-feira, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou "a violência das forças da ordem contra jornalistas" venezuelanos e estrangeiros que cobriam os movimentos de contestação que abalam o país desde 21 de janeiro.

Nessas manifestações, morreram pelo menos 40 pessoas e 850 foram detidas, segundo a ONU.

A RSF exigiu ao Governo "o respeito da liberdade de informação" e condenou a apreensão de material de trabalho (câmaras, telemóveis, computadores portáteis), bem como a censura nas rádios e televisões locais.

As detenções dos jornalistas estrangeiros ocorreram pouco antes de uma nova manifestação, convocada para sábado pela oposição ao regime de Maduro, para exigir a criação de um Governo de transição e a realização de eleições gerais livres.

"Eles não conseguirão impedir que o mundo saiba o que se passa na Venezuela", reagiu, na rede social Twitter, Juan Guaidó, o autoproclamado Presidente interino que liderou a mobilização, referindo-se ao Governo de Nicolás Maduro.

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