Centenas manifestaram-se hoje no Sudão em apoio às vítimas da guerra
Centenas de sudaneses manifestaram hoje o apoio aos milhões de vítimas dos conflitos no país, num contexto de protestos contra o Governo que têm ocorrido quase diariamente nos últimos dois meses no Sudão.
© Reuters
Mundo Protestos
Desde 19 de dezembro têm-se sucedido as manifestações contra a decisão do Governo de triplicar o preço do pão. Estes protestos enquadram-se num vasto movimento de contestação contra o Presidente Omar al-Bashir, no poder desde o golpe de Estado no país em 1989.
Na sequência destes protestos, a Associação dos Profissionais Sudaneses (APS) apelou desta vez a manifestações de apoio às populações afetadas pelos conflitos nos estados do Darfur, do Nil Bleu e do Kordofan-Sud.
No centro de Cartum, centenas de manifestantes abriram caminho gritando por "liberdade, paz e justiça", principal palavra de ordem do movimento anti-Governo. No entanto, foram rapidamente dispersados pela polícia antimotim, que recorreu ao gás lacrimogénio e a detenções para impor a ordem.
As forças de segurança sudanesas dispararam também gás lacrimogénio sobre os manifestantes dispersos nas ruas do bairro de Bahari, no norte de Cartum, segundo testemunhas locais.
No interior do país, os habitantes de um campo de deslocados, na região do Darfur (oeste), organizaram também uma manifestação.
"Os habitantes do campo Zam Zam (...) gritaram slogans antigovernamentais", afirmou por telefone à agência France-Presse Mohamed Issa, habitante do campo.
"Pensamos que estas pessoas por todo o país manifestam-se por nós, as vítimas da guerra no Darfur", concluiu.
Após 2003, foi posto um fim aos combates entre as forças sudanesas e os rebeldes de minorias étnicas que se sentiam marginalizadas pelo poder central e as populações árabes. O conflito fez mais de 300.000 mortes e 2,5 milhões de deslocados, segundo a Organização das Nações Unidas.
"Nós queremos construir um novo Sudão, onde não existam diferenças entre um zurga [negro] e um árabe", disse Hassan Adam, um residente no campo de Zam Zam.
Na quarta-feira, os organizadores dos protestos antigovernamentais prometeram prosseguir movimentos que conduzam a uma mudança de regime.
Desde o início dos tumultos, Omar al-Bashir, que está sujeito a vários mandatos de prisão pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), por presumivelmente ser responsável pelas execuções no Darfur, tem excluído a hipótese de se demitir e atribui a autoria das manifestações a "conspiradores".
Segundo números oficiais, 30 pessoas foram mortas desde o início dos protestos. A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) fala em 51 mortos.
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