Síria: Reino Unido rejeita apelo de Trump para repatriar jihadistas

O Reino Unido rejeitou hoje o apelo do Presidente norte-americano para que a Europa repatrie os combatentes estrangeiros da organização jihadista Estado Islâmico (EI), afirmando que os extremistas devem ser julgados no local em que são cometidos os crimes.

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Lusa
18/02/2019 15:11 ‧ 18/02/2019 por Lusa

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Terrorismo

"Os combatentes estrangeiros devem ser levados à justiça em conformidade com os procedimentos legais adequados na jurisdição mais apropriada", declarou um porta-voz da primeira-ministra britânica, Theresa May.

"Quando possível, tal deve acontecer na região onde os crimes foram cometidos", referiu o mesmo porta-voz, sublinhando ainda que Londres continua a trabalhar "em estreita colaboração" com os seus parceiros internacionais nesta matéria e que o executivo tudo fará "para garantir a segurança do Reino Unido".

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exortou no fim de semana os países europeus a repatriarem os respetivos cidadãos acusados de pertencerem ao EI, e que estão atualmente detidos na Síria, e a julgá-los internamente.

O apelo de Trump surge poucas semanas depois do Departamento de Estado norte-americano ter lançado esse mesmo pedido.

"Os Estados Unidos apelam a outras nações para que repatriem e julguem os seus cidadãos detidos pelas Forças Democráticas Sírias (FDS)", força árabe-curda apoiada na Síria pela coligação militar internacional anti-'jihadista' liderada por Washington, declarou, a 04 de fevereiro, o porta-voz adjunto do Departamento de Estado norte-americano, Robert Palladino.

Saudando "as contribuições" das FDS "para vencer o EI", que atualmente "está enfraquecido e a recuar" segundo Washington, o representante da diplomacia norte-americana recordou na mesma ocasião que a força árabe-curda capturou durante a campanha de libertação do território sírio dos 'jihadistas' "centenas de terroristas estrangeiros oriundos de dezenas de países".

A questão dos 'jihadistas' estrangeiros ressurge perante o recente anúncio surpresa de Donald Trump de querer retirar cerca de 2.000 soldados norte-americanos mobilizados na Síria junto das forças árabes-curdas que lutam contra o EI.

O governo curdo semi-autónomo recusa-se a julgar os combatentes estrangeiros e quer enviá-los de volta para os respetivos países de origem.

Mas, as potências ocidentais estão relutantes perante tal possibilidade, que é encarada com hostilidade por alguns grupos das respetivas opiniões públicas.

O assunto está a ser analisado hoje em Bruxelas pelos chefes da diplomacia dos Estados-membros da União Europeia (UE).

O grupo extremista EI está em vias de ser derrotado no seu último reduto na Síria pelas FDS, mas o destino dos combatentes estrangeiros que estão nas mãos das forças árabes-curdas ainda está por definir. Os homens estão detidos, enquanto as mulheres e os menores estão em campos de deslocados.

A Alemanha mostrou-se disponível na segunda-feira para julgar os seus cidadãos detidos ainda na Síria, mesmo que o repatriamento pareça nesta fase "extremamente difícil".

Falando aos jornalistas à entrada da reunião com os seus homólogos da UE, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, afirmou que tal situação "não será tão fácil quanto pensam nos Estados Unidos".

Após uma relutância inicial, França está a considerar um possível regresso dos seus cidadãos. Uma fonte francesa próxima deste dossiê mencionou o caso de 150 cidadãos franceses, incluindo 90 menores.

Na Bélgica, o ministro da Justiça, Koen Geens, pediu no domingo uma "solução europeia", apelando a uma reflexão que tenha em conta os riscos ao nível da segurança.

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