Presidente nigeriano garante "atmosfera de paz" a 84 milhões de eleitores
O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, garantiu hoje aos 84 milhões de eleitores nigerianos que podem votar este sábado com segurança, ainda que a tensão não tenha parado de crescer desde o adiamento do escrutínio há uma semana.
© Reuters
Mundo Muhammadu Buhari
"Não tenham medo dos rumores de violência e de desacatos. As nossas forças de segurança trabalharam para meter de pé as medidas de segurança adequadas", declarou o chefe de Estado num discurso à nação transmitido na televisão nacional esta manhã.
"Irão poder votar numa atmosfera de paz e de transparência, longe de ameaças e de intimidações", garantiu.
Buhari, com 76 anos, candidato do Partido dos Congressistas (APC) disputa um segundo mandato, num escrutínio com resultados imprevisíveis em que enfrenta o ex-vice-presidente, Atiku Abubakar, braço-direito do antigo Presidente Olusegun Obasanjo entre os anos 1999 e 2007, e hoje um mega-empresário com interesses na área da distribuição de petróleo, agricultura e educação.
Numa primeira declaração na passada terça-feira, após o adiamento das eleições, Buhari levantou uma polémica importante ao apelar ao exército e à polícia para tratarem "sem piedade" todos os que tivessem a intenção de defraudar as eleições.
A oposição, o Partido Popular Democrático (PDP), reagiu no dia seguinte, acusando Buhari de encorajar a justiça de rua e os crimes extrajudiciais, devolvendo o país ao seu passado de sucessivas ditaduras militares.
"O 'general' Buhari não é um democrata. Ele não acredita na democracia. É uma fachada", disse então Abubakar, numa referência ao passado militar do seu adversário, que, antes de ascender à presidência nigeriana nas eleições de 2015, governou o país durante o período das ditaduras nos anos 80, na sequência de um golpe de Estado.
A Nigéria efetuou a sua transição para a democracia em 1999, depois de sucessivas ditaduras militares e outros tantos golpes de Estado. Muhammadu Buhari, então general, tomou as redes do país pela primeira vez em 1983, deixando um legado de intransigência e de repressão particularmente duras.
Foram precisamente as promessas de luta contra a corrupção e contra a insurreição do grupo radical islâmico Boko Haram, dois dos maiores flagelos do país, que conquistaram os eleitores e conduziram Buhari à presidência em 2015.
Nesse escrutínio, pela primeira vez, um candidato da oposição venceu umas eleições na Nigéria, num pleito marcado pela tranquilidade e transparência, aclamado pela generalidade da comunidade internacional.
Até às vésperas da primeira data prevista para as eleições, no passado dia 16, a campanha decorreu sem incidentes significativos, do ponto de vista da segurança, mas o adiamento do escrutínio para este sábado, dia 23, a poucas horas do mesmo há uma semana, com parcas explicações dos responsáveis da comissão eleitoral independente (INEC), mudou claramente o estado das coisas, com ambas as partes a acusarem-se mutuamente de tentativas de fraude eleitoral.
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