Maioria dos cidadãos e empresas não estão preparados para o Brexit

Mais de metade dos cidadãos britânicos e a maioria das pequenas e médias empresas não estão preparadas para uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem acordo, indica um documento oficial publicado hoje.

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Lusa
26/02/2019 19:04 ‧ 26/02/2019 por Lusa

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O documento, sobre o impacto de um Brexit sem acordo, refere uma pesquisa feita em janeiro que concluiu que 55% dos adultos britânicos não esperavam ser afetados por uma saída sem acordo.

"Os cidadãos do Reino Unido que viajam para ou que vivem na UE precisam de concluir uma série de tarefas administrativas para garantir que as suas interações com a UE sejam afetadas o menos possível. Estas variam entre a renovação de passaportes até à solicitação de uma carta verde para o seguro automóvel e a Carta de Condução Internacional", refere o relatório.

Apesar de o governo ter lançado uma campanha de informação este mês sobre a necessidade de se prepararem para a ausência de um acordo, "não foram testemunhadas mudanças de comportamento percetíveis em escala significativa", refere.

O mesmo relatório refere que as empresas também têm mostrado negligência, e apenas cerca de 40 milde um universo estimado de 240 mil que fazem negócios com a UE fizeram o registo necessário para continuar a importar bens que chegam do mercado europeu.

"Na prática, a abordagem do Reino Unido baseia-se, a curto prazo, em permitir a transportadores atravessarem a fronteira sem parar, mas [estes] serão impedidos de levar mercadorias para França sem a documentação correta. A falta de preparação para os controlos da UE aumenta muito a probabilidade de perturbação", vinca.

O setor alimentar poderá ser um dos mais afetados pela maior morosidade na circulação de mercadorias, pois 30% dos produtos consumidos são importados da UE, sobretudo através de navios e camiões que chegam de França.

Apesar de admitir que uma perturbação "levaria a uma menor disponibilidade e escolha de produtos", o documento garante que não está em causa uma situação de escassez de alimentos, mas alerta para a possibilidade de se instalar um clima de pânico.

"Na época do ano em que estaremos a sair da UE, o Reino Unido é particularmente dependente da travessia do Canal [da Mancha] para frutas e legumes frescos. Na ausência de outra medida do governo, é provável que alguns preços dos alimentos aumentem, e existe o risco de o comportamento dos consumidores exacerbar, ou criar, escassez", alerta.

O processo de saída do Reino Unido da UE encontra-se atualmente num impasse desde o chumbo pelo parlamento do acordo negociado pelo governo britânico com Bruxelas, o qual garantia uma saída ordenada a 29 de março graças a um período de transição até ao final de 2020.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, prometeu hoje que um texto revisto será submetido de novo ao parlamento até 12 de março, e disse que os deputados poderão escolher entre sair sem acordo ou pedir um adiamento da data da saída se o documento for reprovado novamente.

Até agora, o governo britânico apenas assinou acordos comerciais com a Suíça, o Chile, as Ilhas Faroé, membros do Acordo de Parceria Económica da África Oriental e Austral (ESA), Israel e a Autoridade Palestina.

Mais de 30 estão por concluir, e o governo já confessou que não vai conseguir chegar a acordo a tempo com Andorra, Japão, Turquia e San Marino.

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