"Detenções de jornalistas são atos desesperados" de Maduro
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, classificou hoje a "detenção de jornalistas" na Venezuela de "atos desesperados" do governo de Nicolás Maduro, numa referência à detenção por mais de duas horas de um jornalista da televisão Univision.
© Reuters
Mundo Mike Pence
"Voltar o exército contra o seu próprio povo, matar crianças à fome, queimar ajuda humanitária e prender jornalistas, os atos desesperados de um tirano agarrado ao poder com violência e intimidação", escreveu Pence na sua conta da rede social Twitter, refere a Efe.
O vice-presidente da administração Trump acrescentou ainda que "o mundo livre não deve tolerá-lo" e que "Maduro deve demitir-se".
Pence acompanhou a sua mensagem no Twitter de uma ligação para uma notícia da cadeia televisiva norte-americana Fox News, na qual o jornalista Jorge Ramos revelou que Nicolás Maduro ficou incomodado com as suas perguntas sobre tortura e sobre se podia ser classificado como um ditador.
Turning the military on his own people, starving children, burning humanitarian aid, & detaining journalists – the desperate acts of a tyrant clinging to power with violence & intimidation. The free world will not stand for it. Maduro must go. https://t.co/vZ2fPNEuJ4
— Vice President Mike Pence (@VP) February 26, 2019
Ramos esteve, juntamente com a sua equipa, detido por mais de duas horas no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, capital venezuelana, depois de uma entrevista a Maduro.
O jornalista disse hoje à sua chegada a Miami, Estados Unidos da América, depois de ser deportado da Venezuela, que a sua experiência em Caracas mostra a "natureza ditatorial" de Maduro, a quem pediu que "tenha a coragem" de emitir a entrevista que lhe "roubou".
"Se nos fazem isto a nós, imaginem o que fariam a jornalistas e cidadãos venezuelanos", disse o jornalista mexicano, que regressou aos EUA com a equipa que levou à Venezuela para a entrevista com Maduro, incluindo dois jornalistas venezuelanos.
Os dois venezuelanos foram deportados por ordem de Maduro, que, de acordo com Ramos, na segunda-feira, ficou incomodado com as perguntas que o jornalista mexicano lhe colocava e abruptamente interrompeu a entrevista, ficando depois a equipa de reportagem retida duas horas e meia, tendo-lhe sido retirado o equipamento de reportagem e telemóveis, confiscados pelos agentes de segurança.
Confiscados ficaram também os 17 minutos de entrevista que tinham gravado e "esse é o problema", criticou Ramos.
Jorge Ramos disse ter encontrado Maduro "fortalecido" pelo que se passou no fim de semana na fronteira com a Colômbia com a ajuda humanitária, mas ao mesmo tempo alheio a que há pessoas a deixar de apoiar o chavismo.
Para além da detenção da equipa da reportagem da Univision, um canal de televisão norte-americano que emite em espanhol, há também notícia do desaparecimento de um jornalista do canal de televisão venezuelano Telemundo, que deixou de ser visto depois de fotografar a presença de funcionários dos serviços secretos num hotel em Caracas, segundo uma notícia do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP).
"Daniel Garrido, repórter de Telemundo News, está desaparecido desde as 07:00 horas [11:00 horas em Lisboa], quando registou em fotografias a presença do Serviço Bolivariano de Inteligência [SEBIN, serviços secretos], no exterior do hotel em que se encontrava a equipa de Univisión expulsa", explica o SNTP na sua conta do Twitter.
O SNTP publica uma fotografia do hotel, onde no exterior se vê uma viatura preta do SEBIN, acompanha pela mensagem "esta é a última fotografia enviada por ele [Daniel Garrido]".
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