Afeganistão regista aumento na produção ilícita de ópio em 2017
A produção ilícita de ópio no Afeganistão registou um aumento significativo até 2017, excedendo o valor do total das exportações nacionais lícitas de bens e serviços, alertou hoje o Conselho Internacional de Fiscalização de Estupefacientes.
© Reuters
Mundo Relatório
No relatório anual divulgado hoje, o Conselho Internacional de Fiscalização de Estupefacientes (INCB, na sigla em inglês) exorta a comunidade internacional e as Nações Unidas (ONU) a "fornecerem assistência técnica e financeira adicional para enfrentar os desafios do controlo de drogas" no Afeganistão.
"Pedimos aos órgãos e agências relevantes das Nações Unidas que forneçam mais assistência para enfrentar os desafios do controlo de drogas no Afeganistão, em particular, dada a nossa preocupação com os significativos aumentos na produção ilícita de ópio até 2017, quando a economia ilícita de ópio ultrapassou o valor do total das exportações nacionais lícitas", explica este organismo independente com sede em Viena, Áustria.
O Conselho do INCB mostrou-se preocupado com o impacto da produção ilícita de ópio na saúde e no bem-estar das pessoas no Afeganistão.
"Se os esforços para resolver o problema das drogas não forem eficazes, a pobreza, a insurgência e o terrorismo podem prevalecer", realçou Viroj Sumyai, presidente do INCB, acrescentando que o Conselho tem vindo a rever os desenvolvimentos em estreita cooperação com o Governo do Afeganistão.
Ao longo do relatório, o INCB verificou que a economia ilícita de opiáceos (substâncias derivadas do ópio) ultrapassou substancialmente o nível das exportações lícitas de bens e serviços do Afeganistão até 2017, atingindo o recorde de 9.000 toneladas.
Segundo o INCB, várias comunidades no Afeganistão dedicam-se ao cultivo e tráfico ilícito de drogas tornando-se dependentes da papoila de ópio para a sua subsistência.
O relatório destaca ainda o nível de cultivo de papoila de ópio que em 2018 permaneceu alto.
"Embora a área sob cultivo de papoila de ópio no Afeganistão tenha diminuído 20% em 2018, a área total sob cultivo ainda permaneceu alta e foi estimada em 263.000 hectares [2.63 quilómetros quadrados]", refere o INCB.
A diminuição do cultivo em 2018 é resultado da seca no país e do declínio dos preços agrícolas do ópio seco, indica este organismo.
O Afeganistão, "com o apoio e a cooperação de parceiros internacionais, continuou a levar a cabo esforços de interdição de drogas, resultando em apreensões significativas de substâncias ilícitas", nomeadamente de opiáceos, explica a mesma fonte.
O Conselho chama a atenção da comunidade internacional para os desafios enfrentados pelo Afeganistão e enfatiza que os esforços para estabilizar o país não serão sustentáveis se a economia ilícita de drogas do país "não for efetivamente controlada".
O INCB (International Narcotics Control Board) é um órgão independente composto por 13 membros, eleitos pelo Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC).
Três dos elementos são propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e os restantes 10 elementos são selecionados a partir de uma lista de técnicos apresentada pelos Estados-membros.
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