Amnistia acusa Riade de silenciar militantes dos direitos das mulheres
As acusações contra uma dezena de ativistas sauditas dos direitos das mulheres são "pouco credíveis" e mostram como as autoridades de Riade "abusam do sistema judicial" para silenciar os defensores dos direitos humanos, considera a Amnistia Internacional (AI).
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Mundo Arábia
Num comunicado divulgado na quinta-feira à noite, um dia depois de ter começado em Riade o julgamento das pelo menos 11 ativistas, que estão detidas desde maio de 2018, a organização de defesa dos direitos humanos sediada em Londres afirma que elas foram processadas por, entre outras questões, terem "contactado organizações internacionais, media estrangeiros e outros ativistas, entre os quais (...) a Amnistia".
São igualmente acusadas, segundo a AI, de terem feito campanha pelos direitos das mulheres, incluindo pelo fim do sistema de tutela na Arábia Saudita, que as obriga a terem autorização de um familiar do sexo masculino para realizarem várias atividades.
Na audiência de quarta-feira, o presidente do tribunal não precisou as acusações contra as rés. A ONG saudita ALQST, com sede em Londres, indicou que as ativistas foram acusadas de crimes informáticos, delitos que podem ser puníveis com uma pena de prisão até cinco anos.
"A ocultação das acusações é o último exemplo que mostra como as autoridades sauditas abusam da lei e do sistema judicial para reduzir ao silêncio os que militam pacificamente e desencorajá-los de trabalharem sobre a situação dos direitos humanos no reino", declarou Samah Hadid, diretora da AI para o Médio Oriente.
Algumas das ativistas, segundo a ALQST e testemunhos de familiares, têm sido "torturadas e assediadas sexualmente" nas prisões onde estão detidas.
No passado dia 07, na véspera do Dia Internacional da Mulher, os 28 Estados-membros da União Europeia (UE) e outros oito governos condenaram no Conselho dos Direitos Humanos da ONU a detenção de ativistas dos direitos humanos na Arábia Saudita.
Tratou-se da primeira condenação coletiva contra o reino saudita desde o estabelecimento do Conselho de Direitos Humanos em 2006.
Para a Amnistia, este julgamento "mancha ainda mais a imagem" da Arábia Saudita após o assassínio em outubro do jornalista e opositor saudita Jamal Khashoggi no consulado do reino em Istambul.
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