RCA: ONU e grupo rebelde conversam depois de confrontos
A missão da ONU na República Centro-Africana (Minusca) e um grupo armado estão em conversações, depois de os capacetes azuis terem causado vários mortos entre os milicianos deste, em combates recentes no oeste do país.
© Reuters
Mundo Missão
A ONU "promoveu discussões que ainda continuam hoje" com o grupo Frente Democrática do Povo Centro-Africano (FDPC, na sigla em francês), disse o porta-voz da Minusca, Vladimir Monteiro, à AFP.
"O objetivo é fazer passar a mensagem que não vamos tolerar mais ataques", acrescentou.
Desde sexta-feira que os capacetes azuis estão em operações militares contra o FDPC no oeste do país.
Uma nota interna das Nações Unidas, consultada pela AFP, menciona que foram mortos cinco membros do grupo armado, a que este contrapõe a existência de três vítimas mortais nas suas fileiras.
Um capacete azul também ficou ferido durante os confrontos, adiantou Monteiro, acrescentando que este já tinha saído hoje do hospital.
A operação militar da ONU "permitiu estabelecer um posto militar avançado" em Zoukombo, onde estavam estacionados os elementos do FDPC atacados, ainda segundo Monteiro.
A ONU criticava o grupo por ter erigido barricadas na estrada nacional 01, a única que permite o aprovisionamento da capital, Bangui, a partir dos Camarões, e roubado várias viaturas.
Depois da assinatura de um acordo de paz no início de fevereiro, entre os dirigentes de Bangui e 14 grupos armados, entre os quais o FDPC, este tinha levantado barricadas para mostrar o seu descontentamento face às autoridades, a quem acusava de "desrespeitar" o acordo na formação do governo.
Estas barricadas tinham sido levantadas no início de março.
Uma nova ronda negocial decorreu em meados de março na Etiópia e um novo governo foi constituído no dia 22 desse mês.
Se o líder do grupo, Abdoulaye Miskine, declinou o cargo ministerial que lhe foi proposto, já um dos seus próximos foi nomeado "conselheiro especial" do primeiro-ministro e outro foi chefiar a prefeitura de Nana-Mambéré, uma região no oeste do país.
O acordo de Cartum, apoiado por todos os parceiros de Bangui e preparado desde 2017 pela União Africana, foi o oitavo assinado desde o início da crise, marcado pelo derrube em março de 213 do presidente François Bozizé.
O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
O Governo controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA), cujo 2.º comandante é o major-general do Exército Marco Serronha.
Portugal integra a MINUSCA com a 5.ª Força Nacional Destacada (FND) e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), que é comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.
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