Demissão de Theresa May foi forçada por fracasso com Brexit
A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou hoje a demissão de líder do partido Conservador para deixar que um sucessor assuma o processo de saída do Reino Unido da União Europeia e concretize o 'Brexit'.
© Reuters
Mundo Theresa May
A demissão de Theresa May da liderança do partido Conservador será formalizada na sexta-feira 7 de junho, após a visita de Estado do Presidente dos EUA, Donald Trump, para que a eleição interna comece na semana seguinte.
Numa declaração à porta da residência oficial, em Downing Street, a primeira-ministra disse ter feito o possível para convencer os deputados a aprovar o acordo que negociou com Bruxelas para fazer o Reino Unido sair da União Europeia UE, mas que, "infelizmente", não conseguiu.
"Tentei três vezes. Penso que fiz bem em persistir, mesmo quando as probabilidades de insucesso eram altas. Mas é claro agora para mim que é melhor para o país que um novo primeiro-ministro lidere esse processo", acrescentou.
May não escondeu a frustração por não ter executado a principal política a que se dedicou nestes três anos no cargo.
"É e será sempre motivo de profundo desgosto para mim não ter sido capaz de implementar o Brexit. Caberá ao meu sucessor encontrar um caminho que honre o resultado do referendo", admitiu.
May falou da honra de ter sido "a segunda mulher primeira-ministra, mas com certeza não a última", todavia não conseguiu conter as lágrimas no final, ao expressar uma "enorme gratidão por ter tido a oportunidade de servir o país".
A maioria das reações salientaram o sentido de dever e dedicação da primeira-ministra ao longo de três anos, sobretudo de membros do governo e do próprio partido, marcados pelas divergências sobre o 'Brexit'.
"A concretização do Brexit era sempre uma tarefa enorme, mas uma que ela enfrentou todos os dias com coragem e determinação", vincou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, defensor do Brexit.
A ministra do Interior, Amber Rudd, pró-europeia, referiu a "grande coragem" de May, uma "funcionária pública que fez tudo o que pôde para encontrar uma solução para o 'Brexit'" e cujo "sentido de missão é algo que todos deveriam admirar e aspirar".
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e assumido candidato à sucessão Boris Johnson elogiou a "declaração muito digna" de May, mas mostrou-se já concentrado no futuro.
"Agora está hora de cumprir os seus pedidos: unirmo-nos e concretizar o Brexit, exortou, através da rede social Twitter.
Outro crítico de May, o deputado conservador eurocético Jacob Rees-Mogg, também declarou que os "conservadores devem agora seguir em frente e concretizar o Brexit".
O partido Conservador anunciou que a escolha interna de um novo líder vai começar a 10 de junho e que uma série de votações dentro do grupo parlamentar deverá reduzir o número de candidatos a apenas dois, e que o vencedor será escolhido numas eleições gerais com os votos dos cerca de 130 mil militantes.
O objetivo é ter o processo concluído antes das férias de verão do parlamento, previstas para começarem a 20 de julho.
May mantém-se em funções até que esteja em posição de comunicar à rainha Isabel II quem esta deve nomear como sucessor, o qual, enquanto líder do partido do governo, torna-se também primeiro-ministro sem necessidade de eleições legislativas.
No seu discurso, a ainda primeira-ministra alertou para a necessidade de quem a substituir "encontrar consenso no parlamento", onde o acordo de saída do Reino Unido da UE negociado pelo governo foi chumbado por três vezes.
O antecessor, David Cameron, mostrou solidariedade com o sentimento "doloroso" de deixar o lugar a um novo líder, como fez em 2016, após o referendo de 2016 que ditou o Brexit.
Cameron entende que "ela tomou a decisão certa", acrescentando: "Espero que o espírito de compromisso continue".
Já a oposição atribuiu este desfecho precisamente à resistência em procurar um entendimento, e vários apelaram à realização de um novo referendo para sair do impasse parlamentar.
"Infelizmente, os compromissos dela ao longo dos últimos três anos têm sido muitas vezes com a ala direita do seu próprio partido, em vez de unir o país", criticou o líder dos Liberais Democratas, Vince Cable.
Para o líder do partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, a solução é diferente, tendo afirmado: "Quem se tornar no novo líder conservador deve deixar o povo decidir o futuro do nosso país, através de uma eleição legislativa imediata".
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