UE recusa alinhar com Washington e pede inquérito a ataques a petroleiros
Os Estados-membros da União Europeia (UE) mostraram-se hoje prudentes na atribuição de responsabilidades nos ataques contra petroleiros ocorridos na semana passada no Golfo de Omã, recusando-se a alinhar com Washington e Londres, que culpam o Irão.
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Mundo Golfo de Omã
"Tal decisão deve ser tomada com a máxima atenção. Conheço a análise feita pelos serviços de informação norte-americanos e britânicos, mas ainda não decidimos sobre aquilo que nos diz respeito. Devemos ser muito prudentes e recolher mais informações", disse o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, à chegada à reunião do Conselho de Negócios Estrangeiros da UE, a decorrer hoje no Luxemburgo.
"É essencial ter todas as provas" antes de tirar conclusões, afirmou, por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês, Pekka Haavisto.
A reunião dos chefes da diplomacia dos 28 Estados-membros do bloco comunitário foi marcada pela ausência dos ministros de França (Jean-Yves Le Drian), do Reino Unido (Jeremy Hunt) e da Bélgica (Didier Reynders).
Entre os ministros presentes no Conselho de Negócios Estrangeiros, vários manifestaram apoio à posição defendida pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que pediu um inquérito independente aos incidentes ocorridos no Golfo de Omã, junto ao Estreito de Ormuz, ao largo do Irão.
Na quinta-feira passada, dois petroleiros, um norueguês e outro japonês, foram atacados quando navegavam nesta área, considerada como vital para o tráfego mundial de petróleo.
Os Estados Unidos acusaram o Irão do ataque e Teerão negou qualquer responsabilidade nos incidentes, que acentuaram a tensão entre os dois países criada pela decisão norte-americana de se retirar do acordo nuclear de 2015 e aplicar sanções ao Irão.
Após Washington, também o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jeremy Hunt, afirmou que a responsabilidade pelos ataques era "quase de certeza" do Irão.
"A principal tarefa dos ministros dos Negócios Estrangeiros é evitar a guerra", disse hoje no Luxemburgo o chefe da diplomacia luxemburguesa, Jean Asselborn, que advertiu para os perigos de repetir os erros diplomáticos que conduziram à invasão do Iraque em 2003.
E reforçou: "Estou convencido, e como estava lá há 16 anos, que não devemos cometer o erro de acreditar que podemos resolver um problema no Médio Oriente com armas".
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Áustria, Alexander Schallenberg, também deixou um alerta: "O perigo é que brincamos com o fogo e, no final, só existirão perdedores".
Também presente na reunião no Luxemburgo, a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, a italiana Federica Mogherini, reconheceu que o bloco comunitário está a encarar os atuais acontecimentos com preocupação.
"Estamos preocupados com o risco de derrapagem", afirmou Mogherini, que pediu, na semana passada, que todas "as provocações" fossem evitadas naquela região.
Um conflito seria "extremamente perigoso", alertou a chefe da diplomacia europeia, concluindo que "ninguém irá beneficiar" com tal cenário.
À saída da reunião dos chefes de diplomacia da UE, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, também admitiu o nível de preocupação.
"Quanto aos últimos acontecimentos, muito preocupantes, que decorreram no golfo (...), temos pedido que não haja uma escalada e que, pelo contrário, haja a maior das contenções possíveis, visto que dois quintos do transporte marítimo de petróleo fazem-se por esse golfo, absolutamente essencial para a liberdade de comércio marítimo e para o abastecimento energético de grande parte do mundo", sublinhou.
A UE tenta salvar o acordo nuclear que foi então assinado em 2015 entre Teerão e seis grandes potências (Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, China e Rússia).
A adjunta de Federica Mogherini, a alemã Helga Schmid, deslocou-se na semana passada à região e ao Irão para reunir informações.
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