Trump a jogar golfe ao lado de migrantes afogados? Cartoon valeu demissão

Cartoon inspirado na fotografia dos corpos de pai e filha afogados no rio Bravo, ao tentar chegar aos EUA, gerou polémica. O seu autor, Michael de Adder, foi dispensado de quatro publicações com as quais colaborava.

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© Reprodução/Michael de Adder‏

Melissa Lopes
30/06/2019 16:31 ‧ 30/06/2019 por Melissa Lopes

Mundo

Cartoon

A imagem de dois corpos abraçados, pai e filha, que morreram afogados ao tentar entrar nos Estados Unidos, atravessando o rio Bravo, tornou-se um símbolo da política de imigração de Donald Trump e do drama que vivem os cerca de 500 mil centro-americanos que a cada ano tentam atravessar o México para chegar aos EUA.

O retrato impressionante inspirou Michael de Adder que desenhou o presidente dos Estados Unidos a jogar golfe ao lado dos corpos de pai e filha, com Trump a perguntar: “Importam-se que continue o jogo?”.

O cartoon, ainda que não tivesse sido publicado em nenhum jornal, terá ditado a demissão de Michael de Adder de vários jornais canadianos com os quais colaborava.

Socorrendo-se do Twitter, o autor tem abordado a situação. "O que é que mais louco, um cartoonista ser despedido de um jornal por um cartoon que não desenhou ou um jornal despedir um cartoonista por um cartoon que não publicou?", questionou. 

Numa outra publicação, Michael de Adder  sublinha que não é o tipo de pessoas que fará uma carreira por ser demitida. "Ainda estou a fazer cartoons de sucesso para outras publicações. Só preciso de recuperar uma percentagem do meu rendimento semanal e habituar-me à ideia de que não terei mais voz na minha terra natal [New Brunswick]", pode ler-se. 

O artista ressalva ainda que não é uma vítima e adianta que está a acabar um livro que será publicado em setembro, explicando ainda que tecnicamente não foi demitido mas sim dispensado

 

O presidente da  associação canadaniana de cartoonistas, Wes Tyrell, refere que apesar de não terem sido dadas explicações sobre o facto de os jornais terem dispensado o cartoonista (ao fim de 17 anos), a verdade é que a decisão foi tomada 24 horas depois de este trabalho se ter tornado viral nas redes sociais. "O timing não foi coincidência", sublinhou, citado pelo Daily Cartoonist

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