A imagem de dois corpos abraçados, pai e filha, que morreram afogados ao tentar entrar nos Estados Unidos, atravessando o rio Bravo, tornou-se um símbolo da política de imigração de Donald Trump e do drama que vivem os cerca de 500 mil centro-americanos que a cada ano tentam atravessar o México para chegar aos EUA.
O retrato impressionante inspirou Michael de Adder que desenhou o presidente dos Estados Unidos a jogar golfe ao lado dos corpos de pai e filha, com Trump a perguntar: “Importam-se que continue o jogo?”.
O cartoon, ainda que não tivesse sido publicado em nenhum jornal, terá ditado a demissão de Michael de Adder de vários jornais canadianos com os quais colaborava.
Socorrendo-se do Twitter, o autor tem abordado a situação. "O que é que mais louco, um cartoonista ser despedido de um jornal por um cartoon que não desenhou ou um jornal despedir um cartoonista por um cartoon que não publicou?", questionou.
What's crazier, a cartoonist getting fired from a newspaper for a cartoon he didn't draw [@chappatte] or a cartoonist being fired from a newspaper for a cartoon they didn't run?
— Michael de Adder (@deAdder) 29 de junho de 2019
Numa outra publicação, Michael de Adder sublinha que não é o tipo de pessoas que fará uma carreira por ser demitida. "Ainda estou a fazer cartoons de sucesso para outras publicações. Só preciso de recuperar uma percentagem do meu rendimento semanal e habituar-me à ideia de que não terei mais voz na minha terra natal [New Brunswick]", pode ler-se.
O artista ressalva ainda que não é uma vítima e adianta que está a acabar um livro que será publicado em setembro, explicando ainda que tecnicamente não foi demitido mas sim dispensado
BTW: I'm not a victim. I just finished a book, that will be out in September and I still freelance for some amazing newspapers. It's a setback not a deathblow.
— Michael de Adder (@deAdder) 28 de junho de 2019
Cartoon for June 26, 2019 on #trump #BorderCrisis #BORDER #TrumpCamps #TrumpConcentrationCamps pic.twitter.com/Gui8DHsebl
— Michael de Adder (@deAdder) 26 de junho de 2019
O presidente da associação canadaniana de cartoonistas, Wes Tyrell, refere que apesar de não terem sido dadas explicações sobre o facto de os jornais terem dispensado o cartoonista (ao fim de 17 anos), a verdade é que a decisão foi tomada 24 horas depois de este trabalho se ter tornado viral nas redes sociais. "O timing não foi coincidência", sublinhou, citado pelo Daily Cartoonist.