"Luta contra a lei da extradição é também pelo sufrágio universal"
A porta-voz da organização que tem liderado as manifestações em Hong Kong disse em entrevista à Lusa que os atuais protestos são contra a lei da extradição, mas também pela democracia que garanta o sufrágio universal.
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Mundo Ativista
"Queremos também lutar por uma verdadeira democracia", sublinhou Bonnie Leung, vice-coordenadora da Frente Civil de Direitos Humanos, que integra 15 organizações não-governamentais e movimentos políticos.
"Precisamos mesmo de ter um sistema democrático: um homem, um voto: Temos de eleger o nosso chefe de Executivo e os nossos legisladores", até porque "sem uma verdadeira democracia, más coisas podem sempre repetir-se", defendeu.
A ativista ressalvou, contudo, que o foco continua a manter-se no combate à lei da extradição, que desde o dia 09 de junho motivou manifestações na antiga colónia britânica, agora administrada pela China.
De resto, uma nova grande manifestação contra a lei da extradição e a violência policial está agendada para 21 de julho em Hong Kong, uma vez que as reivindicações feitas ao Governo não foram atendidas, segundo os manifestantes.
Há mais de um mês que Hong Kong é palco de protestos maciços.
O mais concorrido, segundo a organização, aconteceu a 16 de junho, quando cerca de dois milhões de pessoas (mais de um terço da população) saíram à rua para protestar contra a lei que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições com as quais não existem acordos prévios, como é o caso da China.
Dois dos protestos, a 12 de junho e a 01 de julho, foram marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que chegou a usar balsas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo.
A 01 de julho, os manifestantes invadiram mesmo o parlamento de Hong Kong.
A chefe do Governo da antiga colónia britânica, agora território administrado pela China, depois de pedir desculpa em duas ocasiões distintas, em junho, chegou mesmo a afirmar já este mês que a lei estava "morta".
Uma declaração que não convenceu os líderes dos protestos, que continuam a promover pequenas ações e manifestações na cidade.
Os manifestantes exigem que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de junho e 01 de julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo, Carrie Lam.
Os defensores da lei argumentam que, caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, tal poderá transformar Hong Kong num "refúgio para criminosos internacionais".
Já os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas", precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
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