Boris Johnson foi eleito esta terça-feira como líder do Partido Conservador e primeiro-ministro britânico. Depois de várias rondas de votações, o antigo mayor de Londres, de 55 anos, e o seu opositor, o atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, passaram um mês a tentar convencer os afiliados do partido a escolhê-los como líder, mas o vencedor e novo chefe de governo é o controverso Boris Johnson.
O anúncio foi feito por Cheryl Gillan da comissão eleitoral do Comité 1922 e Johnson ganhou a Hunt com 66% dos votos (92.153 votos) contra 34% (46.656 votos), com uma taxa de participação de 87.4%.
Durante o discurso da vitória, Boris Johnson começou por prestar homenagem ao seu rival Jeremy Hunt classificando-o como "um opositor absolutamente formidável" e que irá "roubar" as suas políticas "no futuro" e acrescentou ainda que foi um "privilégio" servir Theresa May. "Foi um privilégio servir no seu governo e ver a paixão e determinação que ela trouxe para as muitas causas que são o seu legado, como o pagamento igual para homens e mulheres, o combate aos problemas de saúde mental e a discriminação racial no sistema de justiça criminal", enumerou.
O novo líder dos Conservadores reconheceu que a sua eleição não será universalmente bem recebida. "Sei que há pessoas que vão questionar a sensatez da vossa decisão", assumiu. "Hoje neste momento crucial da nossa história temos de conciliar dois tipos de instintos", referindo que esses se situam entre a "amizade" com os aliados europeus e "um desejo simultâneo por um auto-governo democrático neste país", refutando a possibilidade de os dois serem "irreconciliáveis".
"Vamos energizar este país! Vamos concretizar o Brexit em 31 de outubro e vamos aproveitar todas as oportunidades que ele vai trazer com um novo espírito de poder é querer", garantiu. Prometeu "trabalhar incansavelmente" com uma equipa que vai formar nos próximos dias "para retribuir" a confiança dos eleitores, rematando que "a campanha terminou e o trabalho começa agora".
Eis o momento do anúncio do vencedor:
Watch the moment @BorisJohnson was confirmed as the UK's next Prime Minister.To get live updates from Westminster, head here: https://t.co/jMgLLFmpUs pic.twitter.com/654ExnRyzD
— Sky News (@SkyNews) July 23, 2019
Conhecido por ter protagonizado a campanha para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) no referendo de 2016, tem sido um dos críticos mais proeminentes da estratégia do governo para o Brexit, tendo prometido aplicar a saída até ao prazo de 31 de outubro. Admite uma saída sem acordo, mas terá dificuldade em conseguir fazer passar esta hipótese no parlamento devido à divergência dos partidos da oposição e também de vários deputados do próprio partido Conservador, que atualmente só tem uma maioria de três deputados.
Desde a sua vitória eminente já enfrentou três demissões. Inicialmente a do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Alan Duncan, apresentou a demissão de funções e a da ministra da Educação, Anne Milton, ambos invocando incompatibilidade com Boris Johnson. Logo depois da sua eleição foi conhecida o pedido de demissão do ministro da Justiça, David Gauke.
Amanhã à tarde, Theresa May será recebida pela Rainha Isabel II a quem irá entregar oficialmente o pedido de demissão para dar lugar ao sucessor. Pouco depois o lugar vai ser assumido pelo novo líder dos Conservadores, após uma audiência no Palácio de Buckingham, onde Sua Majestade lhe fará o convite para formar um novo governo.
As reações à sua vitória extenderam-se um pouco por toda a parte. A atual primeira-ministra Theresa May felicitou o seu sucessor, prometendo "todo o apoio" para concretizar o Brexit e apelou a que trabalhassem juntos "para manter Jeremy Corbyn fora do governo".
Many congratulations to @BorisJohnson on being elected leader of @Conservatives - we now need to work together to deliver a Brexit that works for the whole UK and to keep Jeremy Corbyn out of government. You will have my full support from the back benches.
— Theresa May (@theresa_may) July 23, 2019
Também Corbyn foi um dos primeiros a reagir à eleição de Boris Johnson, mas em tom de crítica. O trabalhista sublinhou que o novo líder dos conservadores tinha ganho o "apoio de menos de 100 mil membros do Partido" e reivindicou eleições antecipadas.
As felicitações seguintes vieram dos Estados Unidos onde Donald Trump recorreu ao Twitter para dizer que Johnson será um "ótimo" primeiro-ministro.
Congratulations to Boris Johnson on becoming the new Prime Minister of the United Kingdom. He will be great!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 23, 2019
Na União Europeia, o responsável europeu pelas negociações do Brexit, Michel Barnier, referiu que a UE quer "trabalhar de forma construtiva" com o próximo primeiro-ministro britânico, para chegar a uma "saída ordenada" do Reino Unido. Já o vice-presidente Frans Timmermans deu conta de que espera que a mensagem de que o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) é "o melhor possível" seja "entendida em Westminster".
O presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker indicou estar preparado para trabalhar "da melhor maneira possível" com o novo primeiro-ministro britânico, uma mensagem partilhada também pela presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O presidente francês, Emmanuel Macron, também congratulou Boris Johnson mostrando-se "muito desejoso em trabalhar" com o próximo primeiro-ministro do Reino Unido.
Do Irão surgem os parabéns mas com um alerta. O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohamad Javad Zarif felicita Boris Johnson mas alertou que o país vai defender as suas águas no Golfo Pérsico. Recorde-se que a tensão entre o Irão e o Reino Unido aumentou desde a captura, na sexta-feira passada, de um navio-tanque britânico no Estreito de Ormuz pela Guarda Revolucionária Iraniana.
The May govt's seizure of Iranian oil at behest of US is piracy, pure & simple. I congratulate my former counterpart, @BorisJohnson on becoming UK PM.Iran does not seek confrontation. But we have 1500 miles of Persian Gulf coastline.These are our waters & we will protect them pic.twitter.com/svEqmEHQBM
— Javad Zarif (@JZarif) July 23, 2019
[Notícia atualizada às 14h47 com reações e novas informações]