"A política mundial está repleta de figuras 'coloridas' hoje em dia. Se não souberes lidar com elas, não há muito que possas fazer. A melhor solução é manter a nossa posição, de que este é o melhor acordo possível", respondeu o primeiro vice-presidente do executivo comunitário quando questionado sobre se a Comissão estava apreensiva com a eleição de Boris Johnson.
Frans Timmermans endereçou ainda um 'recado' ao novo primeiro-ministro britânico, dizendo esperar que a mensagem de que o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) é "o melhor possível" seja "entendida em Westminster".
O acordo foi firmado em novembro pela anterior líder do governo britânico, Theresa May, e pela Comissão Europeia, e já foi endossado pelo Conselho Europeu.
"Negociámos em boa fé, saímos da negociação com a melhor solução para uma situação muito complicada, que faz justiça às posições da UE e do Reino Unido e espero que possamos continuar a trabalhar com base nessa solução. Penso que se há um acordo entre um país e uma organização como a UE, é responsabilidade de todos cingir-se ao acordo e continuar a trabalhar", alertou.
Acrescentou ainda que uma saída sem acordo seria "uma tragédia para todos".
"Não sou um daqueles que defende que eles são os únicos que vão sofrer. Todos vamos sofrer se isso acontecer. Se olhar para os últimos anos, penso que a grande parte das pessoas que votaram pelo 'Brexit' não o fizeram pensando num 'no deal' (sem acordo). Há uma grande vontade na sociedade britânica de sair desta situação de uma forma razoável. E a melhor solução é mesmo respeitar o acordo alcançado com a UE", completou.
Confrontado com comentários que fez a respeito do novo primeiro-ministro, nos quais acusava Boris Johnson de estar a "brincar" com o Brexit, Timmermans recordou que estes remetiam para aquilo que o britânico escreveu ao longo dos anos.
"Ele demorou muito tempo a decidir se era pró ou contra o Brexit. Agora a posição dele é clara e penso que a posição da UE também é clara. O Reino Unido alcançou um acordo com a UE e a UE cingir-se-á a esse acordo", repetiu o primeiro vice-presidente do executivo comunitário, em conferência de imprensa em Bruxelas.
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson foi hoje declarado em Londres o vencedor da eleição para a liderança no partido Conservador, e vai suceder a Theresa May à frente do governo na quarta-feira.
O resultado da eleição foi anunciado pela deputada Cheryl Gillan, uma das responsáveis pelo escrutínio interno no partido, no centro de conferências Queen Elizabeth II, perto de Westminster.
Boris Johnson ganhou com 92.153 votos, enquanto o outro candidato finalista, o atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, reuniu apenas 46.656 votos.
O resultado é o desfecho de um processo que se prolongou por seis semanas e decidido pelo voto limitado a cerca de 160 mil militantes do partido Conservador.
Foi desencadeado pela renúncia de Theresa May à liderança do partido a 7 de junho devido à dificuldade em fazer aprovar no parlamento o acordo de saída para o Brexit que concluiu em novembro com Bruxelas.
Boris Johnson só será nomeado primeiro-ministro pela rainha Isabel II após a demissão de Theresa May na tarde de quarta-feira, após o debate semanal com os deputados na Câmara dos Comuns.
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