Alterações propostas por Boris Johnson para o Brexit são "inaceitáveis"
Críticas são de Michel Barnier, o negociador-chefe da União Europeia para o Brexit.
© Reuters
Mundo Michel Barnier
O negociador-chefe da União Europeia para o 'Brexit', Michel Barnier, classificou hoje como "inaceitáveis" os pedidos de modificação ao Acordo de Saída defendidos pelo novo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
"[Boris Johnson] declarou que, para que um acordo fosse concluído, seria necessário eliminar o mecanismo de salvaguarda da fronteira irlandesa, o que é evidentemente inaceitável e não se enquadra no mandato do Conselho Europeu", observou Barnier, num correio eletrónico enviado aos representantes dos 27 e a que a agência France-Presse teve acesso.
Na quarta-feira, o novo primeiro-ministro britânico insistiu na renegociação do Acordo de Saída e classificou de "antidemocrática" a solução de salvaguarda para evitar o regresso de uma fronteira física na ilha da Irlanda, que prevê a criação de "um espaço aduaneiro único" entre a UE e o Reino Unido e que só seria ativada caso a parceria futura entre Bruxelas e Londres não ficasse fechada antes do final do período de transição.
Perante as recentes declarações de Boris Johnson, que ainda hoje à tarde voltou a insistir que os termos do Acordo de Saída, acordados entre Bruxelas e o governo de Theresa May em novembro passado, são "inaceitáveis", o principal negociador da UE para o 'Brexit' alertou os 27 para o pior cenário possível.
"Como sugere o seu discurso mais belicista, devemos preparar-nos para uma situação em que ele dê prioridade ao 'no deal', em parte como forma de pressão à união entre os 27", argumentou.
Barnier disse que os Estados-membros que a sua equipa negociadora está preparada para analisar as "questões" levantadas pelo novo Governo britânico que sejam compatíveis com o Acordo de Saída, firmado entre Bruxelas e Londres e endossado pelos chefes de Estado e de Governo dos 27 em novembro passado, e para trabalhar na Declaração Política para a relação futura, "segundo as diretrizes do Conselho Europeu".
"Uma ausência de acordo nunca seria a escolha da UE, mas devemos preparar-nos para todos os cenários", insistiu, sublinhando as reações "numerosas e vivas" provocadas pelo discurso de hoje de Johnson na Câmara dos Comuns e aconselhando os restantes Estados-membros a acompanhar "atentamente" as reações e evoluções políticas e económicas relativamente ao mesmo.
O líder do partido Conservador, Boris Johnson, foi indigitado na quarta-feira primeiro-ministro britânico pela rainha Isabel II, na sequência da demissão formal de Theresa May devido à dificuldade em concluir o 'Brexit'.
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